Legacy e Vinland esperam que Fed eleve juros acima de 5% e veem ‘hard landing’ nos EUA

Embora o mercado precifique, no momento, que os juros americanos devem chegar a 4,60%, as taxas devem alcançar níveis ainda mais altos

Sede do Federal Reserve em Washington, D.C. (Foto: Reuters)
Sede do Federal Reserve em Washington, D.C. (Foto: Reuters)

Embora o mercado precifique, no momento, que os juros americanos devem chegar a 4,60%, as taxas devem alcançar níveis ainda mais altos, na avaliação da Legacy Capital e da Vinland Capital.

“Nossa taxa terminal está mais para perto de 5% a 5,5%”, afirmou André Laport, sócio da Vinland Capital, durante o Bloomberg Capital Markets Forum, realizado nesta quinta-feira. “Hoje a fala do Jerome Powell (presidente do Federal Reserve) é consistente de que a meta é a inflação ir para perto de 2%, e para isso é preciso subir juros. Acho difícil escapar disso”, afirma. Num longo prazo, ele projeta que o país não deve voltar a ver juros reais negativos por um bom tempo. “Talvez normalize para mais perto de 1% ou 1,5%. E isso não é ruim”, destaca. “É claro que dinheiro barato pode levar tudo a prosperar mais, mas o equilíbrio também é bom.”

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Para Laport, o mercado passa por momentos de volatilidade elevada porque os investidores acreditam que qualquer indicador econômico abaixo das expectativas levará o Fed a ser menos intenso no processo de aperto monetário. “Achamos que isso não é verdadeiro”, afirma. O gestor também vê uma recessão nos Estados Unidos. “Não vai ter ‘soft landing’”, projeta.

A diretora administrativa de renda fixa, moedas e commodities do Goldman Sachs, Paula Moreira, destaca que o banco dá 35% de probabilidade de recessão nos EUA em 2023. “Eu, pessoalmente, acho que o risco é maior.”

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Ela acredita, porém, que a recessão não deve ser tão forte. “Não temos maiores questões estruturais, como alavancagem alta. É mais a inflação que o banco central precisa levar para baixo.” Para ela, embora o Fed deva de fato levar os juros para mais perto de 5%, em pouco tempo o banco central americano poderá cortar para um patamar mais ameno. “Algo entre 1% e 1,5% de juro real.”

O sócio-fundador e diretor de investimentos (CIO) da Legacy Capital, Felipe Guerra, também vê o Fed elevando os juros para mais de 5%. “Os juros continuam muito baixos nos países desenvolvidos, seja na parte curta ou na longa. Parte da volatilidade já foi incorporada aos preços, com fortalecimento do dólar e queda da bolsa americana no ano, mas ainda vemos um mercado de trabalho apertado, com altos patamares de vagas abertas.”

Para Guerra, a taxa terminal de juros projetada para a zona do euro também é “ridiculamente baixa”. “Se conseguirem resolver tudo com 2,5%, na próxima vão fazer muito mais. Aí é só levar para 4% que está tudo resolvido.”

O sócio da Legacy vê taxas de juros de longo prazo muito mais altas à frente em diversas partes do mundo. “Quando isso acontece, a volatilidade fica sem tamanho. Então achamos que é preciso evitar risco agora. Nossa recomendação é venda de bolsa e ter muita paciência para renda fixa, porque pode piorar ainda mais.”

O contexto geopolítico também deve dificultar o combate à inflação, diz Guerra. “Acreditamos que o petróleo pode explodir de uma hora para a outra, o barril pode passar de US$ 100 a qualquer momento. A Rússia pode usar a commodity como arma na próxima fase da guerra com a Ucrânia, e aí basta a China ter uma reabertura que já consome mais 2 milhões de barris por dia”, diz. “Enquanto isso, os Estados Unidos estão reduzindo a reserva estratégica e a Opep reduz produção dizendo que o preço está baixo demais.”

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