Lula: ‘Baixar os juros é uma briga eterna nesse país’

Fala ocorre no momento em que se discute quem será o próximo presidente do Banco Central

Presidente Lula durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que “baixar os juros é uma briga eterna nesse país” e, mesmo se os juros for zero, se as pessoas não tiverem dinheiro, não vão consumir. As declarações do presidente foram feitas durante a abertura do fórum “Um Projeto de Brasil” ao falar da indústria automotiva.

“O que aconteceu no país [de 2010 para cá], as pessoas perderam o gosto de comprar carro? Não, faltava investimentos. Eu disse para eles [indústria automobilística]: a única coisa que posso oferecer para vocês é consumidor”, destacou. “Baixar os juros é uma briga eterna nesse país. Mas, mesmo se os juros for zero, se o cara não tiver dinheiro para consumir, ele não vai consumidor”, ressaltou.

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Para Lula, a salvação do Brasil é que “decidimos” que o pobre não é o problema do país. “Enquanto ele, pobre, estiver marginalizado nenhuma indústria vai existir”, acrescentando que o que falta no Brasil é a circulação do dinheiro.

O presidente disse ainda que nem a briga dos Estados Unidos e China vai “desviar” o Brasil da rota de crescimento porque “esse país vai ter muita sorte”.

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O patamar da taxa de juros é crítica recorrente de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Nos últimos dias, conforme noticiado pelo Valor, o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, vem dando indicações de que a autoridade monetária voltou a ter à disposição os seus dois principais instrumentos de política econômica: os juros, para levar a inflação à meta; e as intervenções cambiais, para garantir o bom funcionamento do mercado.

A percepção entre os participantes do mercado é de que o presidente Lula deu carta branca para uma eventual subida da Selic, contribuindo para queda do dólar, alta da bolsa e retirada de prêmios de risco da curva de juros.

Próximo presidente do BC

Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que o nome que será indicado para a presidência do Banco Central (BC) deve ser anunciado nas próximas semanas, após uma conversa de alinhamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Entrou no radar do presidente [Lula] essa questão. Ele ficou de discutir com o presidente Pacheco a questão da sabatina, em virtude do calendário eleitoral, para garantir que seu nome indicado possa ser sabatinado nesses esforços concentrados que são feitos”, disse Haddad a jornalistas, ao deixar o prédio da Fazenda, em Brasília.

Questionado se o nome já estava definido, Haddad respondeu que a indicação é uma prerrogativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC, é apontado como amplo favorito. Ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, no ano passado.

Sobre a data, Haddad disse que vai depender da conversa de Lula com o presidente Rodrigo Pacheco. “Acredito que [a indicação] vai ser nas próximas semanas”, se limitou a dizer.

Em relação à fala de hoje do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que não vai hesitar em subir a taxa de juros, caso necessário, Haddad falou que essa questão cabe aos membros do Comitê de Política Monetária (Copom).

“Há uma série de considerações técnicas que precisam feitas sobre a Selic. Nem sempre a melhor resposta é aumentar os juros. Às vezes é melhor manter no patamar restritivo que ele está. Isso não é atribuição do Ministério da Fazenda fazer o cálculo, tem uma equipe técnica de nove diretores.”

Ainda em sua fala à imprensa, Haddad disse “estar feliz” pelo fato de o Brasil “estar crescendo com inflação controlada”.

Com informações do Valor Econômico

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