‘Lula ou Bolsonaro eleito tendem a beneficiar Bolsa, mas via ações diferentes’, diz Claudio Deulbrueck, da Solana Capital
Segundo o gestor de fundos, se o exterior não atrapalhar, o pós-eleições no Brasil tende a disparar um gatilho positivo para a Bolsa
Se o exterior não atrapalhar, o pós-eleições no Brasil tende a disparar um gatilho positivo para a Bolsa, independentemente de quem vença o pleito, segundo Claudio Deulbrueck, fundador e principal sócio da Solana Capital. A Solana Capital foi a vencedora da categoria Fundos Multimercado – Long Short & Equity Hedge na premiação Melhores de Mercado da EXAME, relativa ao ranking mais tradicional da indústria de fundos de investimento do país.
Segundo o gestor, as ações potencialmente ganhadoras devem ser diferentes num cenário em que o atual presidente Jair Bolsonaro ganhe mais um mandato e num outro em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva volte ao Planalto. Os dois lideram as pesquisas de intenção de voto.
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“Se Bolsonaro for eleito, é de se esperar a continuidade da política atual, e no âmbito dos poderes o Legislativo avançando mais sobre o Executivo, mas as grandes políticas de assistencialismo para a população já foram feitas neste ano, para subir nas pesquisas, não deve haver espaço adicional”, comentou Deulbrueck ao participar de painel de evento da gestora de patrimônio Tag Investimentos.
Para ele, esse seria um ambiente benéfico para as estatais que durante o governo Bolsonaro tiveram “excelentes gestores” e estão com níveis de valuation bastante deprimidos. Os bancos também teriam a ganhar na visão do gestor.
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Já num cenário de Lula presidente, Deulbrueck cita que como o programa do PT defende um Estado indutor de crescimento e o principal canal para isso é o crédito via bancos públicos como Banco do Brasil, Caixa e BNDES, se estabeleceria uma “competição desleal” para os bancos tradicionais. As empresas que têm a sua atividade voltada para a média e baixa renda, por seu lado, poderiam ser beneficiadas. O uso de estatais para liderar investimentos para impulsionar o PIB também poderia ser nocivo para o valor das companhias, com piora potencial para papéis como Petrobras e BB. Nesta quarta-feira, Lula em discurso disse que é preciso “enquadrar” o Banco do Brasil para que a instituição se comporte como banco público. Ele afirmou não querer que os bancos públicos tenham prejuízo, mas que não espera que tenham os mesmos lucros dos privados.
Perto do fim do ano, Rodrigo Carvalho, sócio e executivo-chefe de investimentos macro da Clave Capital, disse esperar uma revisão dos preços dos ativos brasileiros. Se no primeiro semestre o grande tema foi inflação, para o segundo o que já domina a agenda dos investidores é a desaceleração e o risco de recessão global. Como o Banco Central se adiantou no ciclo de aperto monetário, a gestora já começou a montar posições pró-queda de juros no Brasil. “Temos uma visão otimista e o país está bem posicionado do ponto de vista mundial e não tenho tanta preocupação com o estrutural do fiscal que o mercado tem.”
Carvalho citou que o país tem características naturais de atração de capital estrangeiro por ser geopoliticamente neutro, por ser exportador líquido de commodities e por ser uma potência verde. E no meio da reciclagem de capital decorrente de sanções à Rússia, ele acha que haverá um novo equilíbrio e vai sobrar recursos para o Brasil.
O calcanhar-de-aquiles, reconheceu, é o quadro fiscal, mais o filme do que a foto de curto prazo. Embora as contas públicas tenham se beneficiado do bônus inflacionário, ele comentou que houve, de fato, melhora estrutural no balanço das estatais, gerando mais dividendo e arrecadação de impostos. “É altíssima a probabilidade de Lula ou Bolsonaro voltarem com algum arcabouço fiscal minimamente crível, isso rapidamente vai ser endereçado no novo governo.”