Mario Mesquita, do Itaú: IPCA benigno não é suficiente para BC abandonar cautela

No cenário internacional, economista-chefe do banco avalia que falas de Jerome Powell buscam jogar para adiante a chance de corte dos juros nos EUA

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, durante evento Macro Vision. Foto: Bufalos
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, durante evento Macro Vision. Foto: Bufalos

O IPCA de outubro foi uma surpresa positiva e reforça que o processo de desinflação no Brasil prossegue, ainda que em um estágio mais lento. A avaliação é de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco e colunista da Inteligência Financeira, em conversa com jornalistas nesta sexta-feira (10).

Divulgada mais cedo pelo IBGE, a inflação oficial brasileira ficou em 0,24% no mês. A projeção do banco era de uma variação de 0,29%.

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Apesar de uma leitura “benigna”, como classifica Mesquita, o dado não deve mexer nos rumos da política monetária. Em outros palavras, abrir caminho para um corte mais intenso da taxa Selic.

“Não é suficiente para o Banco Central abandonar a cautela”, afirmou o economista-chefe.

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“Entendo que o BC adote essa postura diante da incerteza global e do debate sobre a política fiscal”, acrescentou.

IPCA dentro da meta

Ainda sobre o panorama para a inflação, Mario Mesquita indica que o IPCA deve fechar 2023 em torno de 4,5% e terminar 2024 na faixa de 4%.

“Estamos caminhando na direção da meta (3%). Acredito que o objetivo vai ser atingido em 2025”, apontou.

Questão fiscal

Ao tratar da promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de zerar o déficit fiscal em 2024, o economista-chefe do Itaú considera que é fundamental não mudar a meta.

“Pela sinalização. Afeta a credibilidade da política se você abandona a meta de maneira precoce”, comentou.

“Estive com o ministro (Haddad) e a própria postura dele me pareceu mais confiante de que nada muda por ora”, emendou.

Aumento dos juros nos EUA

Por fim, Mario Mesquita respondeu sobre as falas recentes de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA), de que os juros podem subir mais se os dados da economia americana seguirem fortes.

“Powell visou jogar a possibilidade de cortes de juros mais adiante. Considero que não foi uma sinalização de um novo aperto iminente”, avaliou.

“Mas tem que continuar olhando inflação e atividade. Algumas coisas preocupam, como o aumento dos salários. Se aceleram, a chance de uma alta aumenta”, completou.

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