Mercadante no BNDES: ‘Brasil não pode ser só a fazenda do mundo’

Novo presidente do banco de fomento anunciou comissão de estudos estratégicos liderada por André Lara Resende

Aloizio Mercadante em discurso de posse como presidente do BNDES. Foto: Divulgação
Aloizio Mercadante em discurso de posse como presidente do BNDES. Foto: Divulgação

Em discurso na sede Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, o novo presidente da instituição, Aloizio Mercadante, afirmou que entrar no mercado de produtos industriais de alto valor agregado é fundamental para a economia brasileira. Mercadante tomou posse nesta segunda-feira (6) como presidente do BNDES, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin, entre outros integrantes do governo.

De acordo com Mercadante, o banco de desenvolvimento tem que ter uma visão de longo prazo e as exportações são o mais importante nesse cenário. “O Brasil é um dos principais exportadores de produtos agrícolas, mas os produtos de alto valor agregado também são importantes. O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo”, disse o presidente do BNDES.

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Mercadante também defendeu que a exportação ganhe escala, de forma a integrar as cadeias globais de valor. Segundo o presidente, o BNDES do futuro será “verde inclusivo, digital, tecnológico e industrializante”.

Comissão liderada por André Lara Resende

Cotado para cargos no primeiro escalão do governo ao longo da transição, o economista André Lara Resende comandará uma comissão de estudos estratégicos no BNDES. O anúncio foi feito por Mercadante durante a cerimônia de posse no banco.

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O novo presidente da instituição afirmou também que a TLP, taxa de juros praticada pelo BNDES, prejudica as empresas menores devido à sua alta volatilidade. Em discurso de posse, ele disse que será feito um debate para tornar a taxa mais competitiva, especialmente para as micro e pequenas empresas.

“Não queremos e não estamos reivindicando o padrão de subsídios do orçamento como ocorreu no passado, mas uma taxa de juros mais competitiva especialmente para micro e pequenas empresas”, disse Mercadante em cerimônia realizada hoje, na sede da instituição, no Rio de Janeiro.

Mercadante também mencionou as devoluções de R$ 678 bilhões ao Tesouro Nacional e defendeu uma relação de equilíbrio com o Tesouro. “Estamos pagando mais ao Tesouro do que recebemos, essa página tem que ser virada”, afirmou Mercadante.

O presidente do BNDES ressaltou, no entanto, que não pretende disputar mercado com o sistema financeira privada, mas que é preciso parceria. “Somente na estrutura, nosso hiato de investimento é de R$ 226 bilhões, o dinheiro que está faltando para investir em infraestrutura”.

Mercadante também voltou a falar na criação de um Eximbank. Ele reforçou o argumento de que todos os países desenvolvidos já têm um Eximbank, um banco focado no fomento às exportações. Em entrevista ao Valor publicada hoje, Mercadante disse que quer fortalecer as exportações porque 98% do mercado está fora do Brasil.

Preservação da Amazônia

O novo presidente falou ainda que a pauta ambiental será uma prioridade do “BNDES do futuro”. “Estamos perto de uma catástrofe ambiental sem retorno e tragédia social em toda parte”, disse ao tomar posse na sede do banco, no centro do Rio. “O BNDES precisa apoiar a transição para a economia de baixo carbono e ajudar a construir cidades do futuro. Não existirá futuro sem preservar a Amazônia e outros biomas.”

Segundo Mercadante, é importante reconstruir as condições para enfrentar o desmatamento, viabilizar projetos estruturais de manutenção da floresta e desenvolver pesquisas científicas e indústria limpa.

Ele prometeu, por fim, que mulheres e negros “farão parte da história do BNDES”. A afirmação foi feita quando o petista saudou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, uma das autoridades presentes no palco. “Nunca mais vamos ter um palco sem negras e negros”, disse Mercadante.

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