Mercado precifica quatro cortes nos juros americanos após ‘tarifaço’ de Trump

economistas acrescentam que a desaceleração já evidente nos dados de atividade econômica dos Estados Unidos é mais provável de continuar após o anúncio das tarifas

Um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas ‘recíprocas’ para seus parceiros comerciais, com um piso de 10%, o mercado adicionou mais um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) até o fim do ano, contabilizando quatro reduções nos Fed Funds de 25 pontos-base (pb) até dezembro, levando os juros para a faixa de 3,25% a 3,50%.

Ontem, antes do anúncio das tarifas, a ferramenta “FedWatch Tool” do CME Group mostrava que o mercado apostava em três cortes nos juros, com 33,8% antecipando a terceira e última redução para acontecer em dezembro, enquanto 23,6% previam uma quarta diminuição.

Hoje, esse percentual para o quarto corte subiu para 31,7% — 8,1 pontos percentuais acima do registrado anteriormente.

Apostas do mercado estão em desacordo com indicação do Fed

Ambas as apostas vão em desacordo com a indicação do próprio Fed. Na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), a autarquia indicou no gráfico de pontos (“dot plot”) apenas duas reduções.

Uma das razões para justificar a previsão vista no FedWatch é o possível impacto das tarifas na desaceleração da economia americana, o que levaria o Fed a cortar os juros mais agressivamente, no intuito de impulsionar a economia.

O próprio presidente do Fed, Jerome Powell, disse durante coletiva na última decisão do Fomc que boa parte da inflação neste ano deve vir das tarifas comerciais impostas por Trump.

Ele também apontou que houve uma piora nas expectativas de inflação de longo prazo, mas ressaltou que elas permanecem, em geral, bem ancoradas, permitindo que o banco central americano fique em uma posição confortável para esperar por mais clareza no cenário econômico.

Chance de estratégia ainda mais agressiva está na mesa

Os economistas do Citi, liderados por Andrew Hollenhorst, compartilham dessa visão e têm uma aposta ainda mais agressiva do que a maioria do mercado.

O cenário-base do banco aponta que o Fed começará a cortar as taxas de juros em maio, e entregará 125 pb de cortes totais este ano, levando os Fed Funds para a faixa de 3% a 3,25%.

Em relatório, o Citi aponta que os riscos de uma desaceleração do crescimento econômico e aumento da inflação aumentaram após o anúncio das tarifas por Trump. “Esperamos que o Fed corte as taxas de juros de forma agressiva no final deste ano”, disseram os economistas.

O anúncio das tarifas, que vieram muito mais altas do que o esperado, provavelmente causarão, pelo menos temporariamente, uma retração nas contratações e investimentos pelas empresas, enquanto os consumidores, enfrentando preços mais altos, reduzirão seus gastos, aponta o Citi.

Os economistas acrescentam que a desaceleração já evidente nos dados de atividade econômica dos Estados Unidos é mais provável de continuar após o anúncio das tarifas de hoje.

*Com informações do Valor Econômico

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