Mudança de diretoria na Petrobras não deve resultar em interferência direta do governo, diz BTG
O banco vê como muito improvável uma mudança na política de preços da Petrobras no curto prazo
Os rumores de nova mudança no comando da Petrobras não devem resultar em intervenção direta do governo na empresa e em sua política de preços, diz o BTG Pactual. No entanto, o banco destaca que a permanência dos ruídos vai fazer com que os papéis da companhia continuem com desconto significativo ante pares internacionais.
Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte escrevem que desde a saída de Pedro Parente, em 2018, a Petrobras reajusta preços quando percebe movimentos estruturais, evitando a volatilidade e eventos cíclicos, o que deixou os combustíveis com desconto médio de 6% ante a paridade internacional no período.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Eles afirmam que mesmo se o governo decidir tirar o general Joaquim Silva e Luna do comando da Petrobras, um novo diretor-presidente terá pouco o que fazer, uma vez que o estatuto da companhia diz expressamente que diretores e conselheiros podem ser responsabilizados judicialmente por atos que resultem em prejuízo.
“Mudanças no estatuto podem ser propostas para reduzir governança e, como controlador, a União poderia aprová-las, mas acreditamos que os acionistas minoritários vão obstruir ou até mesmo não participar de uma votação do tipo”, comentam.
Últimas em Economia
Com isso, o BTG vê como muito improvável uma mudança na política de preços da Petrobras no curto prazo, mas que as incertezas políticas envolvendo a estatal, seja pela política de preços ou alocação de capital, não vão desaparecer, prejudicando os papéis mesmo em um momento operacional considerado excepcional.
“Mais do que alterar a política de preços, uma nova diretoria tem bastante liberdade para interromper venda de ativos (incluindo refinarias), aumentar investimentos e reduzir dividendos”, ponderam. Por conta disso, a Petrobras não consegue aproveitar os altos preços do Brent.
O BTG Pactual tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 15 para os recibos de ações (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 17% sobre o fechamento de ontem.
Com Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.