Na véspera da ata do Copom, juros futuros voltam a registrar forte queda

A taxa do DI para janeiro de 2023 foi a 13,73%, de 13,765% do ajuste na última sexta-feira (5), e a taxa do DI para janeiro de 2027 recuou a 11,755%, de 12,005%

Os juros futuros voltaram a apresentar forte queda ao longo de toda a estrutura a termo da curva, em especial nos vértices mais longos, nesta segunda-feira (8). Desde a sinalização dada pelo Banco Central, na semana passada, de que o ciclo de aperto monetário está praticamente encerrado, investidores têm ampliado posições aplicadas (que apostam na baixa das taxas) no mercado local.

Assim, no horário de encerramento da sessão regular, às 16h, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 foi a 13,73%, de 13,765% do ajuste na última sexta-feira (5); a taxa do DI para janeiro de 2024 caiu a 12,94%, de 13,02%; a do DI para janeiro de 2025 anotou queda a 11,90%, de 12,095%, e a taxa do DI para janeiro de 2027 recuou a 11,755%, de 12,005% de sexta-feira.

A dinâmica descendente nas taxas dos juros futuros no mercado doméstico tem sido expressiva nos últimos três pregões, com recuos que chegam a superar a marca dos 0,50 ponto percentual. Na última quarta-feira (3), dia da decisão de política monetária do Banco Central, a taxa do DI para janeiro de 2024 era de 13,235%; a do DI para janeiro de 2025 era negociada aos 12,47%; e a do DI para janeiro de 2027 estava em 12,45%.

Participantes do mercado revelaram ao Valor que o movimento é favorecido por questões técnicas, já que havia poucos “players” apostando na queda das taxas dos juros longos devido às incertezas fiscais e à proximidade das eleições. Assim, o crescimento repentino de posições aplicadas em juros acelerou o movimento de queda nas taxas.

Ao mesmo tempo, de acordo com o responsável pela mesa de juros da CM Capital, Jefferson Lima, a sinalização de que o fim do ciclo de aperto monetário está próximo traz um cenário mais claro para os agentes financeiros, o que melhora a visibilidade e permite maior conforto na montagem de posições aplicadas em juros.

“O Banco Central sinalizar o fim do ciclo de aperto monetário e manter o compromisso de ancorar as expectativas de inflação, com as taxas altas por mais tempo, ajuda a compor um cenário de maior credibilidade, o que ajuda a derrubar os juros mais longos”, afirma.

Entre outros motivos para a melhora no mercado de juros, segundo ele, estão o quadro fiscal de curto prazo melhor do que o esperado; a privatização da Eletrobras; o cenário externo de recuo nos juros dos títulos do Tesouro americao (Treasuries); e a queda recente nos preços do petróleo no mercado internacional, o que ajuda o trabalho Banco Central.

Segundo a Capital Economics, o ciclo de aperto monetário em boa parte dos países emergentes parece, de fato, estar chegando ao fim. Após um longo movimento de altas de juros, a consultoria aponta que, no Brasil e na República Tcheca, a taxa básica de juros nominal é cerca do dobro do nível neutro estimado, e as taxas básicas estão acima do neutro estimado, e as taxas básicas estão acima do neutro na Europa Emergente e na América Latina.

“Em um sinal [de que o crescimento começará a pesar tanto quanto a inflação para os BCs] os bancos centrais tcheco e brasileiro, na semana passada, enfatizaram as projeções de inflação em um horizonte de tempo mais longo do que o normal – quando a inflação será menor. Isso sugere uma crescente disposição de olhar para além da inflação acima da meta no curto prazo”, afirma William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da consultoria.

Segundo ele, no entanto, dadas as altas taxas de inflação nos países emergentes, as taxas básicas permanecem altas, em nível acima do neutro, nos próximos 12 a 18 meses.

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