Não vemos como apropriado cortar juros até estarmos confiantes com inflação, diz Powell
Powell reforçou o objetivo de atingir estabilidade da alta de preços em 2%
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira (29) que os dirigentes não veem como apropriado cortar as taxas de juros até conquistarem confiança de que a inflação americana está em trajetória de queda sustentada.
Powell reforçou o objetivo de atingir estabilidade da alta de preços em 2% e que, atualmente, existem riscos elevados de ambos os lados.
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“Se cortarmos cedo demais, podemos provocar repique da inflação e não queremos isso. Por outro lado, esperar demais pode trazer riscos à atividade econômica”, ressaltou o presidente do BC americano.
Powell defendeu que a política monetária está “bem posicionada” para reagir a diferentes cenários e, por isso, o Conselho Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) não precisa apressar a flexibilização monetária.
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“Podemos esperar porque a economia está forte e vemos alguns sinais de redução da inflação”, afirmou, notando que a inflação de gastos com consumo (PCE, em inglês) de março veio em linha com as expectativas.
“Há muitas pessoas que acham que não deveríamos cortar juros. E não estamos prometendo nenhuma das duas coisas, estamos dizendo que vamos esperar.”
Caminho não é sustentável
Jerome Powell reforçou preocupação com a trajetória fiscal dos Estados Unidos, afirmando que atualmente a situação “não está em caminho sustentável”.
Contudo, ressaltou que os dirigentes do BC americano utilizarão a independência da política monetária para garantir o cumprimento do duplo mandato do banco central.
“Faremos o que for preciso com nossas ferramentas de política monetária para garantir estabilidade da inflação e do emprego, assumindo que autoridades cuidarão da parte deles”, disse Powell, ao ser questionado em evento institucional.
“Mas esperamos que seja possível alcançar sustentabilidade fiscal em breve. E quanto mais cedo isso acontecer, melhor.”
O dirigente negou qualquer possibilidade de politização do Fed, independente do resultado das eleições presidenciais dos EUA em 2024.
“Independência do banco central tem apoio amplo nos dois partidos políticos. Uma politização nunca aconteceria”, afirmou.
Questionado sobre o balanço patrimonial do Fed, Powell reforçou que este não é o principal instrumento de política monetária do BC, mas garantiu que manterá a transparência do processo de redução dos títulos, o aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês).
Setor imobiliário
Jerome Powell também afirmou que os desafios relativos ao setor imobiliário comercial dos Estados Unidos devem persistir por alguns anos, mas explicou que os problemas estão concentrados em alguns bancos de menor porte.
Durante evento organizado pelo Fed de São Francisco, Powell assegurou que o banco central americano trabalha com as instituições financeiras mais afetadas pelo estresse nesse segmento de crédito.
O objetivo é ajudá-las a lidar com essa situação, de acordo com ele.
Powell reiterou ainda que o sistema bancário americano “está em um bom lugar” e disse que as tensões se acalmaram bastante desde as turbulências registradas no ano passado, que acarretaram na quebra do Silicon Valley Bank (SVB).
Com informações do Estadão Conteúdo