No JN, Lula diz que qualquer indício de corrupção será investigado em eventual governo

A série termina amanhã, sexta-feira, com a entrevista de Simone Tebet (MDB)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo (REUTERS/Amanda Perobelli)
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo (REUTERS/Amanda Perobelli)

O presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou por volta das 19h30 aos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, para a entrevista ao Jornal Nacional. O candidato chegou acompanhado pela esposa, a socióloga Rosângela Silva, o vice da chapa, Geraldo Alckmin, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

A primeira pergunta a Lula foi sobre corrupção. William Bonner perguntou como o candidato vai garantir aos eleitores que casos de corrupção, como o da Petrobras, não vão se repetir caso ele seja eleito. Lula respondeu: “Corrupção só aparece quando se permite que ela seja investigada.”

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“O equívoco da Lava-Jato foi que ela enveredou por um caminho político complicado. O objetivo era tentar condenar o Lula”, afirmou o ex-presidente.

Lula afirmou que “não há hipótese” de que uma pessoa cometa um crime em um eventual governo dele não seja investigada e punida.

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O ex-presidente disse que já há medidas para investigação de delitos na máquina pública. Lula ironizou a atitude do presidente Jair Bolsonaro de decratar sigilo em investigações que envolvem o presidente ou a família dele.

“Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. E as pessoas ficaram ricas por causa de confessar”, afirmou Lula sobre casos de corrupção na Petrobras.

Lula disse que Lava-Jato trouxe prejuízo em desemprego e em perda de investimento no país. “Você pode fazer a investigação na maior seriedade, mas você permite que a empresa continue funcionando. Aqui no Brasil se quebrou a indústria de engenharia que levamos anos para construir.” William Bonner pondera que especialistas apontam que prejuízos econômicos se deveram à crise econômica no governo de Dilma Rousseff.

O ex-presidente disse que não responde agora sobre indicações para o comando do Ministério Público Federal porque quer deixar “eles com uma pulguinha atrás da orelha”, sem especificar quem seriam “eles”. “Não quero um procurador leal a mim, quero um procurador leal ao povo brasileiro e à instituição”, afirma Lula.

“Eu não quero amigo no Ministério Público, na Polícia Federal, no Itamaraty. Eu quero pessoas competentes, ilibadas e republicanas”, afirma Lula.

Lula afirmou que não interferiu e não vai interferir no funcionamento das instituições. “Eu quero voltar [à Presidência] porque eu quero ser melhor do que eu fui, fazer coisas que eu não sabia como fazer, por isso escolhi Alckmin como vice. Esses dois que vão governar esse país.”

O âncora William Bonner questionou como Lula pretende reequilibrar o equilíbrio das contas públicas. O ex-presidente citou dados sobre a condução na economia durante os seus dois governos e afirmou que é necessário previsibilidade, credibilidade e estabilidade.

Bonner retomou o tema e questionou Lula sobre a recessão e a “explosão” da inflação nos governos Dilma Rousseff e perguntou se ele pretende implantar a política econômica dos dois primeiros mandatos ou de sua sucessora. O ex-presidente reconheceu que Dilma cometeu erros na condução da economia, mas defendeu a sua sucessora.

“Dilma cometeu equívocos na questão da gasolina, ao fazer R$ 540 bilhões de desonerações em isenção fiscal. Quando ela tentou mudar, ela tinha uma dupla dinâmica contra ela. O Eduardo (Cunha), presidente da Câmara, e o Aécio no Senado, que trabalharam o tempo inteiro para que ela não fizesse mudanças”, disse.

Lula foi duro com as palavras ao falar do orçamento secreto. Ele chamou o mecanismo de “excrescência” e de um “escárnio”. “(O orçamento secreto) não é moeda de troca, isso é usurpação de poder. Acabou o presidencialismo. Bolsonaro é refém do Congresso, ele sequer cuida do orçamento. Isso nunca aconteceu desde a proclamação da República”, disse.

O petista ainda usou o orçamento secreto para minimizar o escândalo do mensalão. “Você acha que o mensalão que tanto se falou foi mais grave que o orçamento secreto?”, questionou.

Lula também reforçou as críticas ao novo Auxílio Emergencial. “Ele acabou de aumentar o Auxílio Emergencial. Até quando? Até o dia 31 de dezembro, porque na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não tem continuidade. Ele agora manda a LDO (ao Congresso) e mente dizendo que vai continuar”, afirmou.

Questionado sobre a recepção da base petista em relação à formação de campanha com 10 partidos, o ex-presidente defendeu a união com seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), seu rival nas eleições presidenciais de 2006. “Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo e alma. Alckmin é uma pessoa que vai me ajudar, tenho confiança que a experiência como governador de São Paulo vai me ajudar a consertar esse País”, disse.

Questionado se o PT não foi um dos responsáveis pelo atual cenário de polarização na política, Lula afirmou que polarização é diferente de estímulo ao ódio e que o Brasil era “feliz” quando a disputa política era entre PT e PSDB.

“Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização deste país era entre PT e PSDB. A gente era adversário política, trocava farpas… Quando a gente se encontrava em um restaurante, eu não tinha problema em tomar uma cerveja com o Fernando Henrique Cardoso, com o José Serra ou com o Alckmin. A gente não se tratava como inimigo. A militância é como torcida organizada. Política é assim. Você tem divergência, você briga, mas você não é inimigo”, afirmou.

Bonner citou o fato de Lula ter usado a narrativa do “nós contra eles” durante o seu governo e questionou se isso não estimula a polarização. “Polarização é saudável no mundo inteiro. Tem nos EUA, na Alemanha, na França, na Noruega, na Finlândia… Não tem polarização no Partido Comunista Chinês, no Partido Comunista Cubano. Quando se tem democracia, a polarização é saudável. É estimulante. Não podemos confundir polarização com o estímulo ao ódio”, disse.

Em suas considerações finais, Lula lembrou feitos na área social e da educação quando era presidente: “Tenho orgulho de ter passado para a história como o presidente que mais fez universidades e escolas técnicas”, diz, acrescentando ter elevado o número de estudantes universitários de 3,5 milhões para 8 milhões.

“Este é um país do futuro que precisamos construir. Não existe país que ficou rico sem investir na educação”, diz. O candidato promete que vai ajudar as pessoas a renegociarem dívidas. “Nós vamos negociar essa dívida, no setor privado e no sistema financeiro, porque precisamos que o brasileiro volte a viver com dignidade.”

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