O que esperar da economia da China após PIB desacelerar no 2º trimestre?
Atividade cresceu 0,4% no período, abaixo da expansão de 0,9% esperada pelo mercado
A China divulgou resultados de sua economia no 2º trimestre de 2022, que registrou alta de 0,4% em relação ao ano anterior – o ritmo mais lento de crescimento em mais de dois anos, mas uma conquista impressionante dada a natureza dolorosa dos lockdowns da covid-19 impostos pelo governo chinês.
Os fundamentos da economia, no entanto, ainda parecem frágeis. Um apoio para o setor imobiliário, em particular, será necessário para manter essa modesta recuperação.
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Os dados de junho apresentam alguns sinais encorajadores, como a resiliência das exportações e da indústria leve. Os investimentos em infraestrutura, particularmente no setor de serviços públicos, também aumentaram – este último registrando um crescimento de 15,1% nos últimos seis meses na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Além disso, se confirmada a informação recente de que parte da cota de 2023 dos títulos de infraestrutura do governo local serão emitidos antecipadamente, isso poderá ajudar a aliviar o iminente “abismo fiscal” da China.
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A recuperação da infraestrutura no 2º trimestre foi baseada na enorme emissão desses títulos: a emissão líquida geral de títulos do governo aumentou 1,6 trilhão de yuans, equivalente a US$ 237 bilhões, somente em junho, quase 20% a mais do que em qualquer outro mês registrado.
No entanto, a economia geral ainda está com problemas – e longe do nível de força necessário para atingir a meta oficial de crescimento para 2022, de cerca de 5,5%. Além da emissão de títulos do governo, o crescimento do crédito continua muito fraco, especialmente pelos padrões dos estímulos de 2020 e 2015.
O setor imobiliário da China – que havia mostrado alguns sinais iniciais de recuperação em junho – agora está voltando para o marasmo. As vendas de terrenos em 30 cidades grandes e médias, que haviam se recuperado e estavam vendendo mais de um milhão de metros quadrados por dia no final de junho, agora caíram para menos de um terço desse nível.
O investimento imobiliário caiu 9,4% em junho na comparação anual, e um novo movimento online para reter pagamentos de hipotecas para apartamentos comprados, mas ainda não entregues, ameaça desferir um novo golpe não apenas para as construtoras, mas também para os bancos.
Se Pequim não intervir com uma nova ajuda substancial para as construtoras – um passo politicamente difícil, mas necessário após a retração exagerada do setor imobiliário no ano passado – a China corre o risco de um ciclo vicioso de credores nervosos assumindo menos dívidas, o que trará ainda mais dificuldades para entregar apartamentos, minando ainda mais a confiança dos compradores de imóveis.
Os preços dos imóveis em cidades de nível inferior já vêm caindo continuamente desde setembro de 2021, o mais longo período de perdas desde o final de 2015, quando a China estava no meio de uma crise imobiliária e de dívida industrial, que quase derrubou o sistema financeiro local.
Enquanto as vendas no varejo tiveram uma recuperação modesta e cresceram 3,1% em junho na comparação anual, novos casos de covid-19 começaram a surgir em todo o país – embora em cerca de 500 novos casos por dia, os números ainda permaneçam muito abaixo dos níveis de mais de 20 mil novos casos diários registrado no auge do surto de Xangai.
Em suma, enquanto a China – pelo menos de acordo com números oficiais – conseguiu aumentar o PIB no 2º trimestre, as perspectivas para o restante de 2022 ainda são bastante sombrias. Mesmo assumindo uma atitude mais incisiva nas políticas fiscal e monetária, o crescimento anual de um dígito baixo é provavelmente o melhor que Pequim pode esperar.
Se outro surto da ômicron surgir, ou se os formuladores de políticas não conseguirem reverter a tendência negativa do setor imobiliário, todas as apostas deixarão de valer.