O que está em jogo na proteção da natureza?

Problema da proteção da natureza é bem maior e por isso existe um fórum global dedicado ao tema

Quando falamos sobre biodiversidade por vezes pensamos em algo distante da nossa realidade e do nosso dia-a-dia. Assim, é bem provável que lembremos sobre a importância das abelhas, como os corais são frágeis e estão morrendo e até mesmo sobre a relevância da proteção de manguezais. Pois bem, mas o que está em jogo na proteção da natureza?

O problema é bem maior e por isso existe um fórum global dedicado ao tema. É a COP, Conferência das Partes. Assim, o encontro reúne governos do mundo todo para discutir e estabelecer compromissos em prol da biodiversidade.

A COP sobre biodiversidade surgiu com a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), adotada na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992, Ela entrou em vigor em 1993.

Desde então, a conferência ocorre regularmente para monitorar avanços, definir metas e negociar acordos internacionais para a proteção dos ecossistemas.

Proteção da natureza e o tamanho do problema

Dessa maneira, estimativas revelam que desde 1970 as populações globais de espécies caíram mais de 70%. E mais de um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção. O próprio FMI alerta que mais de US$ 58 trilhões em atividade econômica anual dependem da natureza.

Não à toa o quadro global da biodiversidade de Kunming-Montreal foi adotado na COP15 em 2022, estabelecendo metas ambiciosas, como proteger 30% das terras e oceanos até 2030.

Mas sem financiamento adequado e comprometimento global essas metas podem não sair do papel.

COP16 e o desafio do financiamento da proteção da natureza

Assim, a COP16 realizada no final do ano passado em Cali, na Colômbia, terminou sem solução concreta para os desafios do financiamento da biodiversidade.

No entanto, sua retomada recente em Roma trouxe avanços importantes.

Entre eles destaca-se o compromisso de mobilizar recursos para reduzir o déficit financeiro da biodiversidade, com a meta de alcançar pelo menos US$ 200 bilhões por ano até 2030.

Dessa maneira, esse passo é essencial para garantir a preservação e recuperação dos ecossistemas, tornando viável o cumprimento das metas globais de conservação.

Então, ainda que muitos considerem insuficiente este é um passo relevante nessa jornada e ajuda a fortalecer o compromisso global com a proteção da biodiversidade. Uma vez empenhado esse recurso.

Para ajudar nesse caminhar a conclusão do chamado Quadro de Monitoramento representa um avanço essencial para garantir transparência e responsabilização no cumprimento das metas de biodiversidade. E isso ajuda na prestação de contas a ser feitas na COP17 prevista para 2026.

Investidores e novos mecanismos financeiros para a natureza

Outros avanços importantes foram iniciativas como a Taskforce on Nature-related Financial Disclosures bem como a adoção do Global Biodiversity Framework. São formas de permitir maior envolvimento dos investidores de forma pragmática.

Nessa linha, é importante notarmos também o surgimento de mecanismos financeiros inovadores. Isso sinaliza crescente apetite por investimentos relacionados à natureza.

Por exemplo a trocas de dívida por natureza, permitindo que países refinanciem débitos em troca de investimentos ambientais e os chamados créditos de biodiversidade, que funcionariam como os créditos de carbono. E isso permiti que empresas compensem seu impacto investindo em conservação.

Futuro da biodiversidade

Embora a COP16 tenha trazido avanços importantes, o caminho ainda é longo.

As metas são ambiciosas, mas sem o comprometimento financeiro necessário podem permanecer apenas no papel.

Temos sinais de esforços para garantir que países em desenvolvimento tenham acesso a recursos essenciais para conservar ecossistemas, restaurar áreas degradadas e promover o uso sustentável da natureza.

A preservação da biodiversidade não é apenas uma questão ambiental. É uma questão econômica, social e de sobrevivência global.

Com apenas seis anos até 2030, o tempo para agir está se esgotando. Agora, cabe aos países e investidores transformarem os compromissos firmados em ações concretas.

Antes que seja tarde demais.

Leia a seguir