Para Fitch, cumprimento da meta fiscal de 2024 parece cada vez mais duvidoso
Para Fitch, cumprimento da meta fiscal de 2024 parece cada vez mais duvidoso
Agência de classificação de risco também disse que a posição fiscal do Brasil deve sofrer uma 'deterioração substancial' em 2023, diante da fraqueza na receita com impostos e do aumento nos gastos públicos
O cumprimento da meta de déficit primário zero em 2024 parece “cada vez mais duvidoso” diante das dúvidas sobre quais serão os gastos e a arrecadação do governo federal no ano que vem, afirmou a agência de classificação de risco Fitch em um comunicado.
“As autoridades identificaram uma série de medidas tributárias que esperam resultar num aumento de arrecadação equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas o resultado das medidas que já foram adotadas é incerto, enquanto as demais ainda precisam de aprovação do Congresso”, disse a Fitch, que reafirmou a nota de crédito do Brasil em BB com perspectiva estável nesta sexta-feira.
A agência ressaltou que se a arrecadação ficar aquém das expectativas e isso ameaçar a meta fiscal, as regras em vigor preveem corte das despesas discricionárias, mas pontuou que o tamanho destes cortes ainda é motivo de discussão, dadas as várias interpretações sobre a aplicação destas regras.
“As autoridades até agora resistiram às pressões para alterar a meta fiscal, mas isso ainda é uma possibilidade em 2024, quando o quadro de arrecadação ficar mais claro. As aparentes ambiguidades e a possível mudança nas metas podem minar a eficácia no novo arcabouço como âncora da consolidação fiscal”, afirmou.
No comunicado, a Fitch também disse que a posição fiscal do Brasil deve sofrer uma “deterioração substancial” em 2023, diante da fraqueza na receita com impostos e do aumento nos gastos públicos – reflexo da expansão do programa Bolsa Família e da regularização dos pagamentos de precatórios.
A expectativa da agência é de que o déficit primário do governo central atinja 2,2% do PIB neste ano – sendo 0,9 ponto porcentual referentes somente aos precatórios. Para o setor público consolidado, a previsão é de um déficit primário de 2,0%.