Petrobras: ‘paridade internacional deixa de ser a única referência’, diz Prates

Presidente da estatal reforça que empresa precisa de mais flexibilidade na política de dividendos

Empresas citadas na reportagem:

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, mudanças na política de preços e de dividendos. Na noite de quarta-feira, a estatal anunciou a distribuição de R$ 2,74 de dividendo por ação e informou que o Conselho de Administração sugeriu que os acionistas avaliem a criação de uma reserva para reter até R$ 0,49 por ação ordinária e preferencial do resultado do exercício social de 2022.

“Sempre tenho dito que política de preços é do governo. A Petrobras vai seguir preços competitivos conforme ela achar que deve ser para manter a sua fatia de mercado. Na maior parte do tempo, o PPI (Política de Paridade de Importação) não é. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. Pode ser uma política de preços transversal, de referência, conta de estabilização, monitoramento de estoques estratégicos. Não existe bala de prata. O PPI é uma abstração. O PPI parece que virou um dogma.

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    Segundo ele, o PPI vai ser usado pelos concorrentes importadores:

    “Para a Petrobras, PPI deixa de ser único parâmetro. Vamos passar por discussão. Toda a empresa faz isso. O PPI vai estar em vigor para o importador e para quem quiser importar. Quem era interventor era o governo anterior. O importador é meu competidor. Me obrigar a praticar o preço do concorrente não faz sentido.”

    Preço por produto e segmento, defende executivo

    Ele disse que o PPI não é paridade internacional e sim de importação:

    — A paridade internacional todo mundo segue. No mercado local, você tem outros critérios, como produção local, refinarias. O PPI é uma abstração. É uma referência. Podemos usar várias referências e com conveniência no sentido de captar mercado, mais clientes.

    O presidente da estatal explicou que a política de preços será feita com base nas particularidade de cada produto. Na sua avaliação, a medida seria positiva para os acionistas:

    “Não consigo adiantar. Cada produto tem a sua natureza. Asfalto é muito regional. Gás natural é usado por térmica, em indústria, carro e residência. O preço não pode ser o mesmo. A politica de preços é por produto e segmento. A política de preços não é uma coisa só. Não consigo entender porque passamos tanto tempo hipnotizados por PPI. Isso não vai ser pior para o acionista. Vamos sempre fazer o melhor preço para conseguir vender. É mercado. Não consigo entender o mistério.”

    Ele ainda acrescentou:

    “Abrasileirar o preço é natural. É uma política com preço de mercado nacional. Mas em nenhum momento foi dito que o preço iria se desregrar dos preços internacionais.”

    Prates disse ainda que prepara mudanças na política de dividendos. Para ele, é preciso maior flexibilidade.

    “Dividendo tem que ter uma regra mais solta. Quanto mais flexível melhor. Tem trimestres que são diferentes dos outros. Uma regra dessa amarra para o bem e para o mal.”

    Ainda sobre os dividendos, Prates explicou que nem todas as empresas têm regras para distribuição acima do mínimo estipulado por lei.

    “Acima da regra de 25%, todas as empresas têm regra? De 25% a 100%, tem muita coisa. Isso é uma pergunta. Podemos discutir internamente e chegar a uma conclusão de que não precisa ser feito isso ou não.”

    Prates disse ainda sobre a reserva de dividendos que por ser uma reserva estatutária ela deve ser usada para investimentos. Mas para isso tem que ter um plano de investimento e precisa ser aprovado em assembleia. Segundo ele, o plano pode ser apresentado no dia da assembleia de acionistas, marcada para 27 de abril.

    “Podemos apresentar aos acionistas um plano de investimentos para o uso dessa reservas. E eles votam.”

    Não há intervenção do governo, diz Prates

    Ele negou que esteja ocorrendo intervencionismo na Petrobras:

    “O governo em momento nenhum chegou para mim e disse faz isso ou faz aquilo. Não esta havendo nenhum grau de intervencionismo. Tudo está sendo conversado, como ocorre com qualquer acionista controlador. E vamos continuar trabalhando assim.”

    Prates disse ainda que uma empresa de energia não pode gerar apenas notícias boas:

    “Empresa de energia não pode dar uma noticia boa por hora. Isso é coisa de startup de garagem. Empresa de petróleo é lugar seguro para investir. Ser sócio do estado brasileiro, não é ônus. É bônus.”

    Questionado sobre se há a intenção de voltar a encomendar navios, por exemplo, da indústria nacional, Prates disse que é preciso corrigir os problemas:

    “Tem que corrigir os problemas. Não devemos abandonar objetivos grandiosos como produzir navios, fazer tecnologia, asfaltar estradas, construir parques eólicos, porque pode ocorrer corrupção. Ora, tem que combater isso. É a governança que a gente (Petrobras) tem e foi construindo isso ao longo do tempo.”

    O nome dos novos diretores devem ser apreciados na próxima reunião do Conselho de Administração no fim deste mês.

    Por Bruno Rosa

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