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Petrobras aumenta preço do litro de diesel em 8,87%, de R$ 4,51 para R$ 4,91
Após quase 60 dias, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (9) um reajuste do preço do diesel vendido em suas refinarias. O aumento para as distribuidoras, que vale a partir desta terça-feira (10), será de 8,87%, de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro. Os preços da gasolina e do GLP foram mantidos pela companhia.
A empresa justifica que com o reajuste “segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado”. “Esta decisão observou tanto o desalinhamento nos preços quanto a elevada volatilidade no mercado”, apontou em nota a companhia.
O novo aumento também foi explicado por um risco de desabastecimento do produto. “Importante reforçar que nossas refinarias já estão operando próximo do seu nível máximo (fator de utilização de 93% no início de maio), considerando as condições adequadas de segurança e de rentabilidade, e que o refino nacional não tem capacidade para atender toda a demanda do país. Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores”, apontou a Petrobras. “Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado”, completou no comunicado.
Impacto no bolso
Além do efeito direto no orçamento de quem tem veículo movido a diesel, André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), explica que a disparada do combustível contribui para encarecer produtos e serviços. “Afeta toda a cadeia produtiva, o transporte rodoviário, o transporte nos grandes centros urbanos, já que pode pressionar o preço das passagens. Afeta ainda a produção de energia, já que o diesel é usado nas termelétricas. Tem um efeito indireto que é devastador para a inflação”, diz.
Um dos impactos mais “perversos”, na avaliação do economista, é no frete rodoviário, que acaba puxando a alta de alimentos “Nada chega nas cidades sem transporte e quanto menor é o valor do bem, maior tende a ser a influência do diesel no preço. Por exemplo, se você vai em uma feira livre, com itens de baixo valor, o aumento do frete vai acabar influenciando no encarecimento de frutas e hortaliças”, destaca Braz.
Mais aumento no radar?
O Brasil pode sofrer um desabastecimento de diesel no fim do ano caso a Petrobras não acelere o ritmo de reajustes do combustível para retomar a paridade com os preços internacionais, diz o UBS BB. Os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos escrevem que a forte presença da Rússia na produção do diesel aumentaram os preços do combustíveis, elevando os spreads, em meio às preocupações de redução na oferta.
Em relatório, conforme o Valor PRO, eles relatam que agentes do mercado já vêm demonstrando preocupação com desabastecimento, principalmente em postos de combustíveis sem bandeira. As grandes distribuidoras continuarão importando diesel e repassando custos.
No entanto, o banco acredita que o cenário pode ficar mais desafiador e praticamente impossível para importadoras independentes caso a paridade se mantenha negativa até o início do inverno europeu, aumentando possibilidades de desabastecimento em algumas localidades no Brasil.
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