Economistas projetam crescimento menor da China em meio a recorde de casos de covid

Os especialistas alertam que o atual surto da doença no país ameaça criar nova incerteza nas cadeias globais de suprimentos

- Foto: Eric Prouzet/Unsplash
- Foto: Eric Prouzet/Unsplash

Diante do novo número recorde de casos de covid-19 na China, disseminação de medidas de lockdowns e crescente frustração da população com a política de covid-zero, economistas voltam a revisar para baixo as projeções de crescimento da segunda maior economia do mundo. Também alertam que o atual surto na China ameaça criar nova incerteza nas cadeias globais de suprimentos e reduz as perspectivas para o crescimento econômico global no próximo ano.

O banco de investimentos Nomura cortou sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China para o quarto trimestre de 2,8% para 2,4% em termos anuais, e reduziu sua previsão de crescimento para 2022 de 2,9% para 2,8%, bem abaixo da meta oficial de crescimento do governo chinês de cerca de 5,5%.

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“Acreditamos que a reabertura ainda será um processo prolongado com altos custos”, escreveu o economista-chefe do Nomura, Ting Lu, em nota para clientes.

O Nomura também reduziu sua previsão de crescimento do PIB da China para o próximo ano de 4,3% para 4%, dizendo que prevê danos mais prolongados da covid tanto no lado da demanda quanto da oferta na economia.

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A Comissão Nacional de Saúde da China reportou 31.444 novos casos de covid-19 nesta quinta-feira (24), maior número desde o início da pandemia. As autoridades chinesas estão reagindo ao surto impondo lockdowns generalizados.

A cidade de Zhengzhou, que abriga a maior fábrica de montagem de iPhones da Apple do mundo, tornou-se a mais recente área a ser submetida a medidas mais rigorosas. Moradores de oito dos distritos da cidade terão de ficar em casapor cinco dias a partir desta quinta-feira (24), saindo apenas para alimentação ou tratamento médico, e realizar testes em massa.

A Capital Economics, uma empresa de consultoria, disse em nota na quarta-feira (23) que mais de 80 cidades chinesas estão lutando contra altos níveis de novos casos, em comparação com 50 durante o lockodwn de Xangai no segundo trimestre. Essas 80 cidades geram metade do PIB da China — e respondem por cerca de 90% das exportações do país. Em um relatório na semana passada, o Goldman Sachs estimou que as cidades que representam 51% da economia da China estavam sob alguma forma de lockdown. Em relatório divulgado nesta quinta-feira (24), o Nomura estimou este número em mais de um quinto.

Reconhecendo a pressão sobre a economia, o Conselho de Estado, o governo chinês, sinalizou na quarta-feira (23) um possível corte na taxa de compulsório bancário, para permitir que os bancos emprestem mais dinheiro para dar suporte à economia.

Porém, a eficácia da medida é vista com ceticismo pelos economistas. “O verdadeiro obstáculo para a economia está na implementação mais zelosa das restrições da covid pelas autoridades locais, em vez de fundos insuficientes para empréstimos”, escreveu Ting Lu, do Nomura.

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