PIB da China deve desacelerar de 5,4% para 4,8% em 2022, segundo estimativas do banco ING
Infraestrutura será o principal motor de crescimento para 2022, já que consumo não crescerá rapidamente com distanciamento social em vigor, diz a economista-chefe para a China do ING, Iris Pang
A economia da China deve crescer menos que o esperado anteriormente em 2022, segundo estimativas do banco ING. Para o banco holandês, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês deve ter alta de 4,8% neste ano, ante expansão de 5,4% previsto inicialmente, uma vez que a política monetária e fiscal é insuficiente para compensar as deficiências em outros fatores ligados ao crescimento econômico.
Em relatório, a economista-chefe para a China do ING, Iris Pang, afirma que a revisão é baseada na suspeita de que o investimento chinês em infraestrutura pode impulsionar a atividade entre o segundo e o quarto trimestre deste ano, beneficiando o emprego, os salários e, consequentemente, o consumo. Porém, o banco lembra que a demanda doméstica não tem força enquanto motor de crescimento chinês.
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“O investimento em infraestrutura será o principal motor de crescimento para 2022, pois o consumo não crescerá rapidamente enquanto as medidas de distanciamento social permanecerem em vigor”, avalia Pang, referindo-se à estratégia “Zero Covid” de combate à disseminação ao coronavírus.
Ela lembra que a China se orgulha da sua tentativa de reformar com sucesso em direção a uma economia mais baseada no consumo interno. “Mas o consumo está crescendo muito lentamente”, pondera, citando alta de 1,7% em dezembro, em base anual, enquanto os investimentos em ativos fixos e a produção industrial avançaram mais de 4% no período, cada.
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“A produção industrial é um pouco difícil de controlar, uma vez que é parcialmente afetada pela demanda de exportação, mas a demanda interna de produção vem do consumo e do investimento, que podem ser afetados pela política governamental”, explica a economista do ING. Porém, ela lembra que o crescimento do consumo está estável, “o que pode ser um sinal de que empregos e salários não cresceram rápido o suficiente para estimular mais consumo”.
Entre os investimentos, Pang observa que o crescimento é mais forte, quando comparado à produção e ao consumo. “Mas ainda é muito lento para os padrões chineses”, ressalta, lembrando que os aportes produtivos foram afetados pela desalavancagem e as políticas de reestruturação do setor imobiliário. “E os planos de investimento em infraestrutura foram deixados para trás”, afirma.
Nesse sentido, a economista do ING lembra que a política monetária não é proativa, por mais que o Banco Central chinês (PBoC, na sigla em inglês) adote uma postura mais flexível. Além disso, ela avalia que o governo central está respondendo com estímulos na política fiscal, “mas os governos locais não estão”.
Com Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.