Desemprego nos EUA e PIB do Brasil são foco do mercado financeiro na semana
Perspectivas para taxas de juros estão bem diferentes nos dois países
Depois do discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), na sexta-feira (26), os investidores já entenderam que a elevação dos juros nos Estados Unidos vai doer mais um tanto. Porém, ainda há muitas variáveis relativas à estratégia de política monetária do Fed que não estão definidas e que os indicadores econômicos a serem divulgados nesta semana podem ajudar a projetar.
Por exemplo, o número e o tamanho das próximas elevações de juros, e o período pelo qual vão se estender. Vai haver uma sequência curta de fortes altas? Ou aumentos menores por um tempo maior? Até onde a taxa – atualmente no intervalo de 2,25%-2,5% ao ano – vai chegar, no final?
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Diferentemente do Brasil, onde o BC tem como missão “garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo, e fomentar o bem-estar econômico da sociedade”, nos EUA o Fed tem um mandato mais específico de perseguir “o maior nível de emprego, preços estáveis, e taxas de juros de longo prazo moderadas”. Por isso, o relatório de empregos privados (payroll) e a taxa de desemprego relativos a agosto, que serão divulgados na sexta (2), são muito importantes. A estimativa dos especialistas é de que o payroll vai trazer uma adição de 285 mil vagas, bem menos do que as 528 mil de julho, e a taxa de desemprego permaneça estável em 3,5%.
O maior medo do mercado tem sido o de uma retração mais profunda. Tecnicamente, os EUA já se encontram em recessão, por terem registrado dois trimestres consecutivos de retração do PIB (Produto Interno Bruto): a uma queda de 1,6% no período de janeiro a março deste mês, se seguiu uma baixa de 0,9% no intervalo de abril a junho.
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Como afeta os investimentos?
Se os indicadores mostrarem que o mercado de trabalho está saudável e não superaquecido, o Fed pode manter um ritmo moderado de elevação dos juros e os investidores devem responder positivamente, com mais apetite por ativos de risco.
E por falar em PIB…
Sai na quinta (1) o PIB brasileiro do segundo trimestre do ano. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima uma alta de 2,3% em relação ao mesmo período de 2021; a estimativa do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas), é de um creescimento de 2,9% ano a ano. Por aqui, o BC já sinalizou que vai parar de aumentar a taxa básica Selic depois de elevá-la em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano, no começo do mês. Na Bolsa de Valores, esse cenário de crescimento do PIB com juros estáveis favorece as empresas que dependem do mercado consumidor interno, como as varejistas e as construtoras.
AGENDA DA SEMANA
Domingo (28)
- 20h: Primeiro debate presidencial das eleições de 2022, realizado pelo pool Band, Folha, UOL e Cultura
Segunda-feira (29)
- 8h25: Boletim Focus
Terça-feira (30)
- 9h: IGP-M (agosto), da FGV
- 11h – EUA: Confiança do consumidor
- 22h30 – China: PMI industrial, de serviços e composto
Quarta-feira (31)
- 6h – Zona do Euro: Índice de preços ao consumidor (agosto)
- 9h30: Dívida líquida e bruta/PIB
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo bruto
Quinta-feira (1)
- 6h – Zona do Euro: Taxa de desemprego
- 8h: PIB (2o. trimestre), do IBGE
Sexta-feira (2)
- 6h – Zona do Euro: Índice de preços ao produtor (julho)
- 9h: Produção industrial (julho), do IBGE
- 9h30 – EUA: Relatório de emprego privado – payroll (agosto), taxa de desemprego (agosto)