Cenário indica risco de ‘populismo econômico’, analisa economista-chefe da Nova Futura
Economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi diz que cenário atual e proximidade das eleições favorecem 'populismos econômicos'

A economia do Brasil deve crescer perto de 1,5% em 2025 e 2026, segundo projeções da Nova Futura. Nesse sentido, o PIB magrinho pode acompanhar o aumento da inflação, a corrosão da renda das famílias mais pobres e o aumento da desigualdade. Assim, ‘o mal-estar econômico’ estaria instalado às vésperas da eleição.
A análise é de Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, em entrevista à Inteligência Financeira. Ele diz que, nesse cenário, aumentam os riscos de “populismos econômicos”. Então, o especialista menciona a possibilidade de “uso de estatais para conter a inflação” ou a “adoção de intervenções setoriais”.
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Esse cenário leva em conta uma eventual ação do Palácio do Planalto de olho nas próximas eleições majoritárias em 2026. O atual presidente ainda não manifestou desejo de concorrer à reeleição para o que seria, caso eleito, o quarto mandato em Brasília. Mas a polarização parece que se repetirá nas próximas eleições, indicando que o atual governo, se não com Lula, precisaria de um candidato com chances reais.
E diante deste cenário o momento é delicado para o atual governo, com a popularidade de Lula em níveis baixos.
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Inflação e crescimento baixo no horizonte
Borsoi crê que o cenário para 2025 e 2026 será de crescimento abaixo do potencial, de 2%. Além disso, a inflação deve seguir bem acima da meta, com IPCA em 5,92% em 2025 e 4,57% no ano seguinte. A meta é de 3%. Com tolerância de um ponto percentual para cima ou para baixo.
Assim, “a combinação de crescimento fraco e juros altos deve manter tensionado o front fiscal, devido ao alto custo da dívida pública e uma arrecadação mais fraca”, avalia ainda o economista.
A situação fiscal já seria um ponto de atenção. Agora, existe a possibilidade de piora na visão do analista, dado que, em seu entendimento, o governo deve propor aumento dos gastos públicos para tentar aumentar a popularidade e compensar parte da piora na renda das famílias.
Aumento da desigualdade
Para o economista, o cenário que está se formando pode ser de aumento da discrepância entre ricos e pobres. Se isso realmente acontecer, pode ser um golpe bastante duro no discurso petista, sempre afeito ao combate à desigualdade.
Assim, o cenário de juros altos deve elevar a taxa de desemprego, o que afetaria a renda das famílias, principalmente as mais pobres, cuja renda deriva principalmente dos salários.
Além disso, a inflação elevada também contribuiria para a corrosão da renda desse percentual da população.
Por outro lado, famílias de maior renda conseguiriam proteger-se do cenário macro ruim, “com parte relevante do patrimônio no exterior ou em títulos atrelados à inflação, o que sugere uma maior desigualdade”.