Por que Biden está recorrendo à reserva estratégica para conter preço do petróleo?
Biden se prepara para liberar até 1 milhão de barris de petróleo por dia da Reserva Estratégica de Petróleo dos Estados Unidos
O governo de Joe Biden está se preparando para liberar até 1 milhão de barris de petróleo por dia da Reserva Estratégica de Petróleo dos Estados Unidos (SPR, na sigla em inglês), segundo anunciou a Casa Branca nesta quinta-feira, um esforço para conter a alta dos preços da energia e a inflação crescente.
Eis o que você precisa saber sobre a SPR.
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A SPR consiste de quatro cavernas subterrâneas de sal ao longo das costas do Texas e da Louisiana que continham cerca de 568 milhões de barris de petróleo em 24 de março, segundo a Energy Information Administration. Isso é suficiente para atender a demanda americana por várias semanas.
O suprimento é de propriedade do governo dos EUA e administrado pelo Departamento de Energia. A lei federal dá aos presidentes americanos o poder de liberar petróleo das reservas para minimizar problemas de fornecimento.
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Um presidente pode liberar petróleo se for determinado que a iniciativa é necessária em razão de “interrupção grave no fornecimento de energia”, que é definida como uma escassez nacional no fornecimento de energia que seja significativa em alcance e duração, ou seja “de natureza emergencial” ou que possa provocar um “grande impacto adverso” sobre a economia nacional.
A invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções ocidentais reduziram a oferta mundial de petróleo e elevaram os preços da gasolina e do diesel. Os preços médios da gasolina nos EUA atingiram US$ 4,22 o galão (3,78 litros) no fim de março, uma alta de US$ 1,35 o galão em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a American Automobile Association (AAA).
Sim. O governo recorreu duas vezes à SPR nos últimos meses como parte de um esforço coordenado com outros países. Inicialmente os EUA liberaram 50 milhões de barris de petróleo da reserva em novembro, e então outros 30 milhões de barris em março.
Embora as liberações tenham proporcionado um certo alívio, elas não reduziram dramaticamente os preços. Após uma breve queda após a liberação de novembro, por exemplo, os preços voltaram a subir no fim de janeiro. Os preços da gasolina aumentaram ainda mais depois da invasão a atingiram um pico de US$ 4,44 o galão em 11 de março, segundo a AAA.
O aumento da oferta de petróleo deverá reduzir os preços da gasolina para os motoristas, mas não há nenhuma garantia. Os mercados futuros são complexos e os preços oscilam por muitas razões. Mesmo que os preços do petróleo caiam, não há garantia de que os preços da gasolina também cairão, ou que o farão rapidamente, se caírem.
O Congresso autorizou a criação da SPR em 1975, na esteira do embargo árabe do petróleo, como uma proteção contra choques de oferta dos exportadores de petróleo. No entanto, os mercados de energia mudaram dramaticamente nos últimos anos, assim como o uso que o país vem fazendo da reserva, que tem uma capacidade de 714 milhões de barris. A retomada da produção de petróleo nos EUA a partir do fracking na exploração de xisto deixou os líderes políticos dos dois grandes partidos menos temerosos com a possibilidade de escassez.
O governo Trump considerou a possibilidade de vender parte desse petróleo em 2018, mas acabou optando por não fazê-lo. E o Congresso começou a drenar a reserva como um meio de levantar dinheiro para compensar cortes nos impostos e outros gastos. Sob a autorização do Congresso, o Departamento de Energia já realizou várias vendas desde 2017, desfazendo-se de mais de 60 milhões de barris, ou cerca de 8,6% do que tinha em reserva, segundo números do departamento.
Desde que os primeiros barris foram entregues para estocagem em 1977, o petróleo foi liberado da reserva cerca de duas dezenas de vezes. Muitas vendas recentes foram autorizadas pelo Congresso e o Departamento de Energia também fez várias trocas depois que furacões e fechamentos de canais de transporte causaram perturbações no abastecimento interno.
Os EUA também optaram por três vezes por liberar petróleo em coordenação com outros países para manter suas próprias reservas: quando a Operação Tempestade no Deserto começou em 1991, depois do furacão Katrina em 2005 e no auge a Primavera Árabe em 2011. A Agência Internacional de Energia (AIE), m organismo regulador sediado em Paris, coordenou essas liberações entre os países membros, embora os líderes desses países possam decidir pela participação ou não.
O petróleo liberado das reservas dos EUA pode demorar até duas semanas para chegar aos mercados, a partir das cúpulas de sal subterrâneas onde ele é armazenado e que chegam a medir 2.000 pés (610 metros). Para retirar o petróleo, água doce é injetada no fundo do cilindro, forçando o petróleo a subir, saindo da caverna e se encaminhando para oleodutos que o transportam para refinarias que o convertem em gasolina ou outros produtos de petróleo.