Portabilidade de crédito: ainda vale a pena com a Selic a 13,75%; entenda
Alta da Selic eleva os juros bancários
A alta da taxa básica de juros, a Selic, vem encarecendo o crédito nos últimos meses. Isso não impacta apenas quem procura fazer novos financiamentos e empréstimos, mas também quem busca juros mais baixos para dívidas que já existiam por meio da portabilidade, que acabou perdendo a atratividade.
A opção vinha sendo bastante procurada nos últimos anos por pessoas atrás de condições melhores para suas dívidas, como juros mais baixos. Elas apostavam na concorrência do mercado para levar sua dívida para outra instituição que oferecesse taxas mais baratas ou prazos mais longos.
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A Taxa Selic passou da mínima histórica de 2% para os atuais 13,75% em pouco menos de dois anos, o que levou ao encarecimento generalizado do crédito no país, inclusive em modalidades como consignado e financiamento imobiliário.
Em um cenário de juros maiores, bancos e outras instituições financeiras deixam de oferecer condições melhores nos empréstimos.
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De janeiro a maio deste ano, houve 1,6 milhão de pedidos para portabilidade de crédito no sistema financeiro, uma queda de 46% em relação ao mesmo período de 2021.
Já os pedidos efetivados caíram 55%, de 1,4 milhão para 622 mil, o que resulta em uma redução de 68% no saldo total portado, de R$ 20 bilhões para R$ 6,3 bilhões.
Consignado também recua
Segundo a planejadora financeira e professora da FGV, Myrian Lund, atualmente não há vantagens em fazer a portabilidade.
“Por exemplo, o crédito imobiliário. A maior parte é em torno de 10% de juros, e a taxa caiu para 7% nos últimos anos. Para fazer a portabilidade era ótimo, só que agora a taxa voltou para 9,5% e 10%, então não vale mais a pena, pois, se mudar, muda para a mesma taxa. Isso está acontecendo com todos os empréstimos”, diz Myrian.
A lógica por ela apontada está nos números de pedidos de portabilidade do crédito imobiliário, que desabaram quase 90% nos primeiros cinco meses deste ano contra 2021. O saldo total passou de R$ 3,7 bilhões para R$ 553 milhões.
Filipe Pontual, diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), destaca que a razão dessa queda foi, principalmente, a alta da Selic:
“A taxa de juros subiu em relação a um ano atrás. Quando ela voltar a baixar, quem sabe no segundo semestre do ano que vem, a portabilidade volta a acontecer”, diz Filipe.
O crédito consignado (com desconto na folha de pagamento) domina nas portabilidades realizadas. Mas também teve recuo. Neste ano até maio, foram R$ 5,6 bilhões, apenas 36% do registrado no mesmo período de 2021, R$ 15,5 bilhões.
Além da alta na taxa de juros na modalidade, que subiu da média de 19,4% anuais em 2021 para 24,1% este ano, a Febraban aponta que a autorregulação do consignado para evitar fraudes de correspondentes bancários também contribuiu para a queda na portabilidade.
Para desestimular as trocas muito frequentes, foi retirada a remuneração das portabilidades feitas por correspondentes bancários em contratos já transferidos nos 12 meses anteriores.
“No consignado, o que diminuiu (a portabilidade) foi o trabalho na autorregulação para diminuir o assédio comercial de correspondentes”, diz o diretor-adjunto de Produtos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rafael Baldi.