Powell: Crise na Ucrânia é ‘mudança de jogo’ para perspectivas econômicas do Fed

Para presidente do BC americano, por enquanto o conflito não afeta o ciclo de alta de juros no país

Jerome Powell, presidente do Fed (Foto: Fed/Divulgação)
Jerome Powell, presidente do Fed (Foto: Fed/Divulgação)

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira (2) que a invasão russa em território ucraniano não diminuiu, por enquanto, as perspectivas de alta da taxa de juros de referência dos Estados Unidos, mas ponderou que a crise na Ucrânia representa uma “mudança de jogo” ao cenário econômico traçado pelo Fed e alimenta um aumento das incertezas.

Durante depoimento semestral ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, Powell disse que “ainda não se sabe se a invasão na Ucrânia afeta as perspectivas para a nossa política monetária”, mas disse que, por enquanto, o conflito não afetou o “apetite” do BC americano por elevações dos juros, para controlar a disparada da inflação no país.

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O presidente do Fed apontou também que as ligações econômicas diretas entre os EUA e a Rússia são relativamente pequenas, mas disse que, mesmo assim, o efeito econômico no final do evento é incerto e o Fed precisa, por isso, prosseguir mais cautelosamente com a retirada de estímulos monetários.

Apesar das incertezas, Powell disse que ainda acredita que “será apropriado elevar os juros na próxima reunião de política monetária. “E estou inclinado a propor e apoiar uma elevação de 25 pontos-base”, afirmou, complementando que a redução do balanço do Fed começará a ser discutida na reunião de março, mas os planos não serão finalizados neste encontro.

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“Não sabemos ainda como a invasão afeta as perspectivas para a nossa política monetária”, resumiu o presidente do Fed, quando questionado por um dos parlamentares americanos. Por esse motivo, o BC americano precisa se manter ágil, defendeu, concluindo que “a política monetária nunca está no piloto automático”.

O banqueiro central disse que a autoridade monetária americana segue comprometida em usar todas as ferramentas à sua disposição para colocar a inflação novamente sob controle, reconhecendo que ela está excessivamente alta e também que o Fed tem poucas ferramentas para lidar com a escassez de oferta, que impulsiona especialmente a inflação de bens.

Avaliando a progressão da economia americana, Powell disse que o mercado de trabalho segue extremamente apertado, e que isso se traduziu em ganhos salariais acima da inflação para os trabalhadores de menor renda. Powell avaliou também que os mercados financeiros americanos seguem funcionando muito bem, com a invasão da Ucrânia tendo poucos efeitos negativos sobre eles.

O funcionamento dos mercados segue recebendo suporte do amplo acesso a liquidez, devido não apenas às medidas de afrouxamento monetário, mas também a ferramentas como o programa de recompras reversas de títulos (repo), que foram institucionalizadas a esta altura e não exigem a interferência direta do BC americano. “Estou confiante de que o Fed conseguirá concretizar um pouso suave”, disse Powell.

Com Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

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