Powell sinaliza que Fed considera apropriado subir um pouco mais os juros
Comentário ocorre após o banco central norte-americano ter decidido na semana passada pausar o aperto monetário
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reiterou que a autoridade monetária está “fortemente comprometida” em levar a inflação de volta à meta de 2% e sinalizou que quase todos os dirigentes consideram apropriado elevar um pouco mais os juros em 2023.
As informações constam no discurso que será lido por Powell nesta quarta-feira (21) no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes.
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Na última semana, o Fed decidiu pausar o aumentos dos juros, na faixa de 5% a 5,25%. Mas no comunicado deixou aberta a possibilidade de retomar o aperto.
Assim como no discurso após a decisão, Powell afirmou que os próximos passos de política monetária serão tomados a cada reunião.
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“Meus colegas e eu entendemos as dificuldades que a alta inflação está causando e continuamos fortemente comprometidos em reduzir a inflação para nossa meta de 2%”, apontou Powell.
“A estabilidade de preços é responsabilidade do Federal Reserve e, sem ela, a economia não funciona para ninguém. Em particular, sem estabilidade de preços, não alcançaremos um período sustentado de fortes condições do mercado de trabalho que beneficiem a todos”, acrescentou.
Como está a economia americana, segundo Jerome Powell
No discurso, o presidente do Fed fez uma apresentação sobre a atual situação econômica dos Estados Unidos e as perspectivas.
Conforme Powewll, a economia norte-americana desacelerou significativamente no ano passado, e indicadores recentes sugerem que a atividade continuou a se expandir em um ritmo modesto.
“Embora o crescimento dos gastos do consumidor tenha aumentado este ano, a atividade no setor imobiliário continua fraca, refletindo em grande parte as taxas de hipoteca mais altas”, observou. “Taxas de juros mais altas e crescimento mais lento da produção também parecem estar pesando sobre o investimento fixo das empresas”, acrescentou.
O mercado de trabalho continua muito apertado, de acordo com o presidente do Fed. Nos primeiros cinco meses do ano, os ganhos de emprego atingiram uma média robusta de 314.000 empregos por mês. A taxa de desemprego subiu, mas permaneceu baixa em maio, em 3,7%”, anotou.
Há alguns sinais, segundo ele, de que a oferta e a demanda no mercado de trabalho estão se equilibrando melhor. “A taxa de participação na força de trabalho aumentou nos últimos meses, principalmente para indivíduos com idade entre 25 e 54 anos. O crescimento do salário nominal mostrou alguns sinais de desaceleração e as vagas de emprego diminuíram até agora este ano. Embora a diferença entre empregos e trabalhadores tenha diminuído, a demanda por mão de obra ainda excede substancialmente a oferta de trabalhadores disponíveis”, citou.
Powell menciou no texto que a inflação permanece bem acima da meta de longo prazo de 2%. Nos 12 meses encerrados em abril, os preços totais de despesas de consumo pessoal (PCE) subiram 4,4%. Excluindo as categorias mais voláteis, de alimentos e energia, os preços básicos do PCE subiram 4,7%.
Em maio, a variação de 12 meses no índice de preços ao consumidor (CPI) ficou em 4,0%, e a variação no núcleo do CPI foi de 5,3%.
“A inflação moderou-se ligeiramente desde meados do ano passado. No entanto, as pressões inflacionárias continuam altas, e o processo de reduzir a inflação para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer”, comentou.
“Apesar da inflação elevada, as expectativas de inflação de longo prazo parecem permanecer bem ancoradas, conforme refletido em uma ampla gama de pesquisas com famílias, empresas e analistas, bem como medidas dos mercados financeiros”, avaliou Powell.
Rumos da política monetária
Com a inflação permanecendo bem acima da meta de longo prazo de 2% e com as condições do mercado de trabalho permanecendo apertadas, Powell ressaltou o movimento de subida dos juros feito pelo Fed.
“Temos observado os efeitos de nossa política de aperto na demanda nos setores mais sensíveis à taxa de juros da economia. Levará tempo, no entanto, para que todos os efeitos da contenção monetária sejam percebidos, especialmente sobre a inflação”, argumentou.
“A economia está enfrentando ventos contrários de condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas, que devem pesar sobre a atividade econômica, contratações e inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta”, acrescentou.
“Quase todos os participantes do FOMC esperam que seja apropriado aumentar um pouco mais as taxas de juros até o final do ano. Mas na reunião da semana passada, considerando o quão longe e quão rápido avançamos, julgamos prudente manter o intervalo da meta estável para permitir que o comitê avalie informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, explicou.
“Continuaremos a tomar nossas decisões reunião a reunião, com base na totalidade dos dados recebidos e suas implicações nas perspectivas de atividade econômica e inflação, bem como no balanço de riscos”, completou Powell.