Precisamos estar dispostos a sinalizar ao mercado medidas que seriam vistas como choque positivo, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, apontou que, ao olhar o prêmio de risco de longo prazo, se o país quiser reduzir as taxas de juros e conviver com taxas estruturalmente mais baixas, “provavelmente precisamos estar dispostos a sinalizar ao mercado medidas que serão interpretadas como choque positivo”. Em Londres, Campos Neto […]

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, apontou que, ao olhar o prêmio de risco de longo prazo, se o país quiser reduzir as taxas de juros e conviver com taxas estruturalmente mais baixas, “provavelmente precisamos estar dispostos a sinalizar ao mercado medidas que serão interpretadas como choque positivo”.

Em Londres, Campos Neto participou de reunião com investidores promovido pelo Deutsche Bank. O presidente do BC destacou que, quando se olha a dívida bruta e as projeções, o Brasil não está tão diferente dos mercados emergentes.

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Campos Neto também disse que o resultado primário provavelmente não é o suficiente para estabilizar a dívida, mas não é tão diferente de outros países. Ele destacou que a diferença é a situação inicial. “Brasil teve uma dívida mais alta de início, quando olha para o monitor fiscal divulgado pelo FMI, temos a pior dívida dos mercados emergentes.”

Nesse cenário, o presidente do BC destacou que, quando ele olha para o longo prazo e o prêmio, “não parece compatível com a realidade que temos em termos de fiscal, apesar de reconhecer que tivemos notícias desfavoráveis ultimamente, especialmente quando olhamos para a percepção do mercado e que alguns dos números estão se tornando menos transparentes”.

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O presidente do BC afirmou que parece que o aumento do prêmio de risco que está relacionado ao fiscal e, para isso ser revertido, “você precisa criar a percepção que você fez algo que pode mudar o cenário estruturalmente”. Campos Neto disse esperar que o plano do governo sobre o tema a ser anunciado possa ser percebido pelo mercado como um que seja capaz de fazer isso.

No evento, o presidente do BC ainda ressaltou que o efeito dessa questão na política do BC não é mecânica, mas explicou que afeta porque, se houver um choque positivo, vai influenciar fatores como câmbio, expectativas de inflação, juros de longo prazo. “Eu acho que precisa ser algo que produz uma mudança nas expectativas, que é grande o suficiente para reverter o prêmio de risco, as expectativas de inflação, os juros de longo prazo, e isso iria alimentar nossa função de reação de uma maneira positiva.”

Sobre outros fatores que poderiam produzir um choque positivo, Campos Neto citou que poderia ter um choque positivo do cenário externo e em termos de comércio, mas “não vou entrar no jogo de adivinhar, e neste momento, o que posso te dizer que identificamos dos mercados, que o que causou a piora no prêmio de risco no longo prazo é em grande parte relacionado às expectativas do fiscal. Provavelmente isso tem dois estágios, o primeiro foi mudar a meta fiscal e pessoas acreditarem que ficou mais e mais difícil atingir o número fiscal. O segundo foi uma percepção que houve uma percepção na qualidade dos dados e na transparência”, disse.

Campos Neto repetiu que, quando olha o prêmio de risco e o fiscal, mesmo podendo ter alguma mensagem que poderia ter causado percepção de menos transparência, acredita que está exagerado. “Novamente, não é função do Banco Central desafiar o mercado. Olhamos os preços e achamos que os preços carregam informação relevante”, disse.

*Com informações do Valor Econômico

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