O que o Banco Central e o mercado esperam para 2023?

“Inflação deve cair para 4,8% em 2023 e para 2,9% em 2024”, diz Diogo Guillén, do BC

Diogo Guillén, diretor de política econômica do Banco Central. (Foto: Raphael Ribeiro/ BC)
Diogo Guillén, diretor de política econômica do Banco Central. (Foto: Raphael Ribeiro/ BC)

No dia 1º de janeiro de 2023, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assume a Presidência da República. E o mercado já começou a projetar as perspectivas para 2023. Qual deve ser o cenário econômico?

Para trazer um panorama do que vem por aí, a gestora Itaú Asset promoveu um evento nesta quarta-feira (10) que contou com a presença de Diogo Guillén, diretor de política econômica do Banco Central.

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Durante o painel, mediado por Eduardo Camara Lopes, CIO da Itaú Asset e colunista da Inteligência Financeira, Guillén falou sobre os cenários interno e externo que, de acordo com ele, continua adverso e volátil. Isso porque a inflação segue pressionando a economia global.

Contexto internacional

Diante disso, o diretor de política monetária aponta três temas que são relevantes dentro do cenário externo. “Primeiro o que puxou muito a inflação no passado foi a história dos gargalos das cadeias de produção. Isto parece estar arrefecendo um pouco. O segundo é como vai se dar o processo de commodities. A gente tem visto uma queda, mas aí você discute como vai ser a China, como vai ser a política de covid zero. E o terceiro é como será a inflação de serviços”, comenta.

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Já para Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, que também participou do painel, os três elementos básicos do cenário externo são: “inflação alta, condições financeiras, que já apertaram bastante, e política monetária com efeitos defasados. E aí, você vê essa ansiedade grande do mercado que está querendo achar um ponto de inflexão”, argumenta.

“O Brasil está à frente de outros países”

Eduardo Camara conversou com a Inteligência Financeira depois do evento e acrescentou suas visões também sobre o contexto internacional. Segundo o CIO da Itaú Asset, algumas pessoas já comentaram que se os EUA subir os juros, o Brasil terá que subir também.

“Mas, na verdade, é o contrário. Quanto mais juros os EUA subir, quanto mais a economia americana ou global for apertada, menos trabalho o Brasil precisa fazer. Então, eu acho que o quão responsável os outros Bancos Centrais forem, facilita o trabalho do Banco Central do Brasil”, afirma.

Ainda segundo Camara, o problema de inflação que se vê no Brasil é também global. “O Brasil, na verdade, esta à frente dos outros países. A gente se mexeu antes, talvez porque estejamos mais espertos com este tema”, analisa.

A inflação em 2023

De acordo com Guillén, por conta da escalada inflacionária a nível global, houve uma deterioração das expectativas em relação à taxa de inflação.

“As projeções para 2022 e 2023 mostram que as expectativas, na maior parte dos países, estão acima do topo da meta. A atenção está na América Latina e Leste Europeu, que têm as inflações mais altas”, diz.

Dessa forma, para o diretor, espera-se uma deflação forte para o ano que vem. Mas ainda assim, acima do topo da meta na maior parte dos países.

E com esse cenário de inflação pressionada, o que se tem visto é um processo de normalização monetária de subida de taxa de juros

“Portanto, apesar da queda recente nos itens voláteis, afetados por medidas tributárias, ou seja, a gasolina, energia em geral, a inflação (ao consumidor) continua elevada”, afirma Guillén.

Cenário fiscal com novo governo

Durante o painel, Guillén falou também das perspectivas para 2023 dentro da área fiscal com a entrada de Lula na Presidência.

“O que tem chamado a atenção é como o fiscal afeta a condução de política monetária e a inflação. E aí, eu acho que tem dois canais principais: um mais direto, de curto prazo, que é esse de atividade via demanda agregada. Então, é você ter um aumento dos gastos levando a uma inflação. E quando você faz uma projeção, é difícil saber exatamente qual é esse impacto, pois são tantos canais. E o segundo aspecto é mais de médio prazo, (que é) referente ao arcabouço. Qual vai ser o arcabouço fiscal para ajudar a entender qual o prêmio de risco?”, diz Guillén.

Expectativas de mercado

Para o diretor de política econômica do BC, as perspectivas em relação ao IPCA é de uma queda da inflação cheia para 2022 e 2023. Inclusive, para o ano que vem, a expectativa é de um IPCA na margem de 4,94%. “E para 2024, (uma taxa) acima do centro da meta, perto de 3,50%”, diz.

Além disso, Guillén também apresentou as expectativas do Copom. “No cenário de referência, as projeções de inflação do Copom situam-se em 5,8% para 2022, 4,8% para 2023 e 2,9% para 2024”, fala.

“O complicado desse mundo é que a gente está, mais ou menos, sem tendência, mas com duas forças opostas e muito intensas. Uma inflação querendo jogar esse juros para cima e a ansiedade do mercado querendo apostar que os cortes já estão vindo. E o nosso trabalho aqui é não errar se essa tendência continua ou não errar se a inflexão já chegou”, comenta Wu.

Para finalizar, Eduardo Camara projeta que, em algum momento do ano que vem, o Brasil estará em um ponto ótimo para construir portfólio de longo prazo. “Além disso, o país está muito bem posicionado. A gente está vendo aqui os ativos depreciados. Então, juros muito altos, a Bolsa depreciada e a moeda um pouco mais barata”, explica.

E para assistir ao evento completo, que contou ainda com mais três painéis sobre crédito privado, renda variável e multimercados, é só clicar aqui.

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