Em campo e na Bolsa: os principais times do mundo que abriram capital
Tendo sucesso nas quatro linhas ou não, clubes gigantes de vários países já veem as vantagens de entrar no mercado de capitais
Em um futebol cada vez mais globalizado e com bilhões de dólares movimentados a cada ano, é claro que os grandes clubes precisam de uma gestão profissional e cada vez mais próxima do que é feito em grandes empresas.
E, assim como no mundo empresarial, existem clubes com capital aberto. Sim, da mesma forma que você pode investir em uma empresa de energia, tecnologia ou farmacêutica, também consegue comprar ações de algumas das camisas mais populares do mundo.
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Essa realidade é mais consolidada na Europa, onde alguns gigantes do continente estão presentes na Bolsa e negociam suas ações já há algum tempo.
De positivo, da mesma forma que ocorre com empresas de outros setores, a abertura de capital trouxe mais investimentos aos clubes, que, por sua vez, precisam manter uma gestão mais profissional, com informações claras sobre despesas e receitas.
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Manchester United: Mínima histórica e jejum de títulos
O caso mais famoso de clubes listados em bolsa é do Manchester United. Um dos times mais vitoriosos da Inglaterra, os Red Devils, como são conhecidos, são controlados pelos irmãos norte-americanos Joel e Avram Glazer, que herdaram o clube do pai, o magnata Malcom Glazer.
A abertura de capital do United ocorreu em 2011. Na ocasião, os donos precisavam aumentar as receitas em um plano de refinanciamento de dívida e captaram recursos na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
Hoje, o valor de mercado do Manchester United é superior a 2 bilhões de dólares, o maior entre os clubes com ações negociadas em bolsa. Apesar disso, nem tudo são flores e os proprietários precisam conviver com uma questão bastante comum no futebol: a insatisfação de torcedores pela falta de resultados.
Sem títulos importantes nos últimos anos, a torcida do United tem defendido a venda do controle do clube pelos irmãos Glazer, que já deixaram claro que não pensam em se desfazer de um negócio tão lucrativo. A falta de resultados esportivos também parece afetar o desempenho das ações do Manchester United, que atingiram a mínima histórica em 2022.
Juventus: a valorização e a ‘pechincha’ por Cristiano Ronaldo
Outro gigante do futebol europeu com ações negociadas na Bolsa é a Juventus, da Itália. O clube de Turim é o maior vencedor do futebol no país e controlado pela família Agnelli, a mesma de Giovanni Agnelli, fundador da gigante automobilística Fiat.
A Vecchia Signora, como é conhecida, foi o grande exemplo de como as movimentações dentro de campo podem impactar no valor do clube. Em 2018, o time anunciou a contratação do astro português Cristiano Ronaldo.
O jogador, eleito cinco vezes melhor do mundo durante a carreira, era na época do Real Madrid, custou cerca de 100 milhões de euros e acabou sendo uma ‘pechincha’ aos italianos.
Isso porque o clube conseguiu movimentar uma quantia ainda maior de dinheiro em exposição na mídia, contratos de patrocinadores, venda de camisetas e, principalmente, na valorização de seus ativos.
As ações da Juventus subiram 30% do início da negociação até a estreia do craque, ou cerca de US$ 300 milhões.
Portugal: rivalidade dos grandes também na Bolsa
Um país onde a abertura de capital dos clubes já é consolidada é Portugal. Os três principais clubes portugueses têm ações listadas na Bolsa por vários anos.
O primeiro deles foi o Porto, que entrou na Bolsa em 1998, um ano antes do Sporting. O Benfica, no entanto, é o único entre os três gigantes portugueses que viu um desempenho positivo de seus papéis, que teve valorização de cerca de 16% desde o lançamento.
Uma curiosidade sobre o tema é que a legislação foi responsável por reduzir o mistério quando o assunto é contratação de jogadores.
Lá, os clubes são obrigados a informar a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários quando estão em negociação para compra ou venda de atletas e acabam divulgando informações antes mesmo dos jornalistas, sempre tão ávidos por essas notícias.
E no Brasil?
Por aqui, a Lei da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), aprovada em 2021, abriu as portas para que clubes abram seu capital e negociem ações na Bolsa. Alguns clubes já criaram suas SAFs e fizeram negócio com investidores interessados em administrar a empresa. Nenhum clube, no entanto, decidiu seguir por esse caminho até o momento.
A lei ainda é bastante recente e é difícil não acreditar que, em breve, teremos clubes em processo de abertura de capital na B3. É esperar para ver.
Por Guilherme Dorneles, jornalista do Itaú. Artigo originalmente publicado no Feed de Notícias do íon Itaú. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.