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Produção de veículos no Brasil encolhe 27,4% em janeiro ante mesmo mês de 2021
Depois acelerar a produção em dezembro, num esforço para driblar a falta de semicondutores, a indústria automobilística reduziu o ritmo em janeiro. Foram produzidos, no mês passado, 145,4 mil veículos, o que representou uma queda de 27,4% na comparação com o mesmo mês de 2021.
Um conjunto de fatores provocou a queda, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, que nesta segunda-feira (07) divulga os resultados do setor. Segundo ele, ao acelerar a produção em dezembro, alguns fabricantes esticaram, em janeiro, as tradicionais férias coletivas de fim de ano.
Além disso, houve impacto da disseminação da ômicron, nova variante da covid-19, tanto nas fábricas de veículos como nos fornecedores e rede de concessionárias. Levantamento da Anfavea indica que o índice de absenteísmo nas montadoras em janeiro ficou entre 6% e 7% por conta dos contágios. “A produção não parou em nenhuma fábrica, mas ficou mais lenta”, diz Moraes. Por outro lado, segundo ele, 90% dos funcionários das montadoras estão vacinados, com as duas doses, contra a covid-19.
Vendas
Janeiro costuma ser um mês fraco para a indústria automobilística. Mas em 2022, o primeiro mês do ano foi ainda pior, com queda de 26,1% nas vendas para o mercado interno, que registrou o licenciamento de 126,5 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Além de redução do ritmo das linhas de montagem, como resultado de férias coletivas e falta de funcionários, provocada pela pandemia, chuvas acima da média também atrapalharam, segundo Moraes. Em algumas regiões, como São Paulo, o maior mercado do país, algumas lojas tiveram de fechar em razão dos alagamentos.
O estoque de veículos nas fábricas e concessionárias ficou estável, com a 114,4 mil veículos. O nível continua baixo. Mas isso não chega a preocupar um setor que vislumbra riscos de queda de demanda, provocada pelo cenário macroeconômico. Segundo Moraes, para a Anfavea, o Produto Interno Bruto não deverá atingir o percentual de crescimento, de 0,5%, previsto pela entidade no início do ano.
O maior impacto deverá ocorrer por conta da alta da Selic. Hoje, em torno de 60% das vendas de veículos são financiadas. “Sabemos que a elevação dos juros tem sido uma medida tomada também em outros países. Mas o que nos preocupa no Brasil é a dose. Embora a economia dos Estados Unidos seja diferente da nossa serve como referência lembrar que naquele país, com inflação de 7% no ano, o aumento dos juros tem ficado em torno de 0,25% por vez enquanto aqui chegamos a 1,5%. E a paulada pode ser maior”, destaca o presidente da Anfavea.
A Anfavea incluiu este mês na divulgação dos resultados a participação de veículos com novas energias. No mês passado, híbridos e elétricos representaram 2,2% das vendas de carros e comerciais leves, mais do dobro de janeiro de 2020. No segmento de caminhões, 0,8% das vendas em janeiro foram veículos elétricos ou movidos a gás.
Exportação
A indústria automobilística continuou a registrar alta nas exportações no início do ano. Puxados pela demanda de países como Colômbia, México e Uruguai, os embarques para o exterior somaram 27,6 mil unidades, um incremento de 6,6% em relação a janeiro do ano passado.
A receita com exportações de veículos no mês passado somou US$ 554,9 milhões, alta de 23% ante mesmo mês de 2021.
Apesar de a Argentina continuar a ser o maior mercado externo, o país perdeu participação à medida que outros avançaram. Em 2021, a fatia da Argentina nas exportações de veículos produzidos no Brasil caiu de 50% para 34%. Já a participação do Chile cresceu de 4% para 11%.
Emprego no setor
O nível de emprego na indústria automobilística recuou 2,0% em janeiro na comparação com um ano atrás. Mas houve um avanço de 0,3% na comparação com dezembro. O setor terminou o primeiro mês do ano com 101,3 mil trabalhadores. Para Moraes, o nível de emprego mostra estabilidade.
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