Profissionais dos setores mais exigidos na pandemia receberam aumento acima da inflação, mostra pesquisa
Trabalhadores dos segmentos da saúde, imobiliário, logística e TI tiveram salto em seus rendimentos enquanto boa parte dos profissionais amargaram perdas salariais, segundo PageGroup
Os setores cujos profissionais foram mais requisitados em meio à pandemia receberam aumento de salário acima da inflação. É o que aponta a pesquisa realizada pelo PageGroup, líder global em recrutamento executivo.
De acordo com o “Estudo de remuneração PageGroup 2022“, trabalhadores dos segmentos da saúde, imobiliário, logística e TI tiveram um salto em seus rendimentos justamente no período em que boa parte dos profissionais amargaram perdas salariais.
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Segundo a pesquisa, 55% dos cargos avaliados obtiveram ganho real salarial em relação ao ano anterior. Já 41% dos cargos apresentaram reposição salarial ou manutenção, enquanto aqueles que registraram queda somaram 4% das posições.
Dos 719 cargos analisados, os maiores acréscimos em termos de remuneração foram vistos nas seguintes posições:
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- Analista de business intelligence (TI), com 70%;
- Consultor SAP (TI), com 67%;
- Gerente de assuntos regulatórios (Saúde), com 61%;
- Diretor de operações (Logística), com 31%.
Gil van Delft, presidente do PageGroup no Brasil, explica que a pandemia transformou a relação entre empresas e consumidores. Com a necessidade de isolamento social durante o período mais agudo da doença, novas demandas foram requisitadas e os profissionais ligados à saúde, logística e tecnologia foram mais buscados.
“Notamos nesse período uma alta demanda por trabalhadores desses segmentos e isto acabou gerando uma disputa por talentos, refletindo na remuneração. Setores como RH, seguros e bancário, por exemplo, não estiveram em tanta evidência como outros, mas também estão entre os destaques pela predominância da alta salarial de seus profissionais”, diz o executivo.
Segundo van Delft, estas mesmas carreiras podem não experimentar uma onda de aumento nas remunerações daqui para frente. Isso por que quase metade dos trabalhadores tiveram seus ganhos congelados ou apenas repostos.
Para realizar o estudo, foram consultados cerca de 6 mil profissionais de todo o país em 2021, com cargos que vão desde posições de suporte à gestão até alta e média gerência.
O objetivo era entender como os trabalhadores enxergavam sua carreira, a posição do empregador no seu desenvolvimento profissional e outros fatores que completam a remuneração.
A partir dessa consulta, a companhia conseguiu traçar a remuneração mensal de 719 cargos em 15 setores. São eles: Engenharia, Logística, Varejo, Vendas, Marketing e Digital, Agro, TI, Jurídico, Saúde, Tributário, Serviços Financeiros, RH, Imobiliário, Construção e Secretariado.
Os cargos foram listados em faixas salariais mensais que variam de acordo com a experiência do profissional (júnior, pleno, sênior ou coordenador) e porte da empresa (pequeno, médio ou grande).
8 de 15 setores com remuneração em alta
Dentre os setores pesquisados, oito apresentaram cargos com alta na média salarial quando comparado com o levantamento anterior. Estão nesta lista os segmentos Bancário, Saúde, Imobiliário, RH, Secretariado, Seguros, Logística e TI.
Já os setores que se destacaram pela estabilidade salarial foram: Engenharia, Agro, Serviços Financeiro, Jurídico, Marketing e digital, Varejo e Vendas.
A pesquisa também realizou uma análise dos cargos por setor e constatou o percentual de profissões de cada segmento que obtiveram aumento acima da inflação.
Percentual de cargos com remuneração acima da inflação, por setor:
- Seguros – 100%
- Logística – 85%
- Bancário – 80%
- RH – 74%
- Imobiliário – 73%
- Saúde – 70%
- Secretarial – 68%
- TI – 60%
Percentual de cargos com remuneração estável, por setor:
- Engenharia e Jurídico – 87%
- Varejo – 86%
- Agro – 60%
- Vendas – 52%
- Marketing e Digital – 50%
- Finanças – 48%
No setor Bancário, a pesquisa identificou que as remunerações dessa área registraram aumento considerável quando comparado com os últimos anos. Entre os cargos que tiveram maiores aumentos salariais estão o analista de risco de crédito (12%) e gerente financeiro (10%).
A tendência, segundo a pesquisa, é que haja nova adequação salarial pós-pandemia, já que os salários e promoções ficaram congelados por algum tempo. Outro fator identificado pelo PageGroup para o aumento salarial foi o avanço das fintechs, que ampliou a disputa por talentos e fez com que surgissem propostas mais agressivas de salário e benefícios, gerando um aumento na remuneração em muitos cargos do setor.
Neste ano o PageGroup começou a avaliar cargos e salários de profissionais ligados a operações de criptomoedas, o que segundo a companhia traz um “retrato mais fiel” do setor.
O setor de Logística também ganhou tração na pandemia, já que foi um dos responsáveis pela manutenção das operações para o exercício de trabalhos presenciais ou remotos. A transformação digital dos negócios também impulsionou novos projetos que necessitaram se suporte logístico, gerando uma disputa por profissionais e refletindo na alta salarial.
Entre os cargos que tiveram maiores aumentos salariais estão diretor de operações (31%) e analista de logística (24%).
No setor do Varejo, apesar da digitalização ter impulsionado os canais digitais, muitas empresas foram afetadas pela crise sanitária. Por conta disso, a maior parte dos profissionais que atuam no setor manteve seus rendimentos em estabilidade.
Entre os cargos que tiveram maiores quedas salariais estão o profissional de operações (-44%) e profissional de pricing (-26%).
No segmento de Vendas, o desenvolvimento de canais, parcerias e estruturas de negócios mais autônomos foram vistos com mais frequência durante esse período. Entre os cargos que tiveram maiores aumentos salariais estão diretor comercial (55%), gerente nacional de vendas (31%) e gerente de trade marketing (28%).
No setor de Marketing e Digital, a aceleração das operações digitais impulsionaram as estratégias das empresas de omnicanalidade. Entre os cargos que tiveram maiores aumentos salariais estão analista e gerente de performance (15%), gerente de transformação digital (10%) e “user experience” (10%).
Com reportagem de O Globo.