Quanto vai custar a ajuda do governo federal para as montadoras?

Consultorias estimam que plano do governo vai elevar vendas de veículos novos entre 6% e 10% neste ano

nos quatro primeiros meses deste ano, as adesões aos consórcios de veículos e motocicletas subiram 11,1%, gerando R$ 50 bilhões em vendas - Imagem: Reprodução / TV Globo
nos quatro primeiros meses deste ano, as adesões aos consórcios de veículos e motocicletas subiram 11,1%, gerando R$ 50 bilhões em vendas - Imagem: Reprodução / TV Globo

A medida anunciada ontem pelo governo federal, com o objetivo de estimular a indústria automotiva, pode equivaler à renúncia fiscal de R$ 8 bilhões em um ano, calculou Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting, especializada no segmento.

Segundo ele, se o corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins dos automóveis de valor até R$ 120 mil valer entre junho e dezembro, a estimativa é de aumento das vendas em cerca de 6% e uma renúncia fiscal de R$ 4 bilhões no semestre. “Precisa ver como o governo vai tratar essa questão.”

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Outras consultorias automotivas apontam cenário parecido, com alta projetada nas vendas de automóveis no país entre 6% e 10%. A Jato do Brasil, por exemplo, estima que 200 mil automóveis seriam adicionados às expectativas iniciais de comercialização de veículos novos para o ano, totalizando 2,3 milhões de unidades.

Esse cenário, porém, é visto com ressalvas. Para Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, o aumento de volume traz melhora importante, “mas ainda está aquém dos números que deveríamos ver” no setor. A ociosidade da indústria segue alta, visto que o país tem capacidade de produção de 4,7 milhões de unidades.

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Mesmo que os preços dos veículos novos caiam R$ 10 mil com a medida, ainda não se pode rotulá-los como “populares”, avalia o diretor da Jato. Ademais, a alta taxa de juros e a restrição de credito ainda são pontos importantes e desfavoráveis na hora da compra pelo brasileiro.

Vale lembrar que a regra do governo federal considerará aplicar descontos do IPI e de PIS/Cofins nos automóveis que custem até R$ 120 mil, com intervalo que vai oscilar entre 1,5% a 10,79%. A incidência dessa “escala” dependerá da combinação de três quesitos: faixa de preços, eficiência energética e grau de nacionalização do veículo.

O desconto será maior de acordo com essa combinado. “Acredito que a eficiência energética deveria pesar mais. A faixa de preços está adequada, mas o conteúdo local me preocupa”, diz Cardamone. Para ele, trata-se de regra que precisa ser “muito bem desenhada” para evitar problemas com organismos internacionais de comércio.

“Conteúdo local teria de tratar dentro de uma política industrial”, opina. Ademais, a queda de preços de veículos vai causar efeito dominó e impactar os negócios no mercado de usados com até seis anos de idade.

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