Queda do IPCA abre janela para lucrar mais com renda fixa, mesmo com cortes da Selic

Deflação registrada pelo IBGE anula os prejuízos de um esperado ciclo de cortes da Selic nos investimentos

Foto: Rafael Henrique/Reuters
Foto: Rafael Henrique/Reuters

A deflação de 0,08% em junho, informada nesta terça-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é uma boa notícia para o investidor de renda fixa. Embora a desaceleração do IPCA praticamente sacramente o início do ciclo de cortes da taxa Selic a partir da próxima reunião do Copom, em agosto, a verdade é que o alívio na inflação abre uma janela de oportunidade para o rentista maximizar seus retornos com produtos prefixados.

Mesmo que os juros caiam no ritmo esperado pelos bancos, que apostam numa queda de 1,75 ponto percentual da Selic ainda em 2023, a pessoa que aportou R$ 10.000 no começo do ano em um título prefixado do Tesouro Direto, chegará ao fim de dezembro com R$ 10.415,15, já descontados o Imposto de Renda e o efeito da inflação sobre o capital.

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O cálculo leva em consideração uma inflação anual de 4,95%, projetada pelo último Boletim Focus, e quatro cortes na Selic nas próximas quatro reuniões do comitê monetário do BC: uma de 0,25 ponto em agosto e três de 0,50 ponto em setembro, novembro e dezembro.

Como comparação, no ano passado, os mesmos R$ 10.000 investidos no mesmo título de Tesouro Selic, em igual período de aplicação, alcançou um montante líquido de R$ 10.329,12 – ou R$ 86,03 a menos. O IPCA fechou o ano de 2022 em 5,79% e a taxa Selic média ficou em 12,33%.

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Na mesma comparação, para que o investidor entenda o impacto dessa janela de oportunidades, quem usou R$ 10.000 para comprar um CDB de banco médio com rendimento de 110% do CDI (taxa que anda de mãos dadas com a Selic), colocou no bolso após um ano, já descontados IR e inflação do período, R$ 10.443,22. Neste ano, a mesma aplicação pode render, líquidos, R$ 10.529,64.

Para o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fábio Gallo, essa diferenciação acontece porque a inflação pode pesar tanto ou até mais que a Selic sobre o retorno real do que o investidor coloca no Bolso.

“Mesmo que os juros caiam, e acho que vão cair mesmo, a Selic vai se manter em um patamar muito alto e o investidor não vai ter nenhum prejuízo com a renda fixa”, diz o especialista, que também é colunista da Inteligência Financeira. “Aliás, ao contrário de prejuízo, o aplicador vai provavelmente ganhar com a queda da inflação até a metade do ano que vem”, diz.

IPCA em queda

Na manhã de hoje, o IBGE informou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou 0,08% em junho, abaixo da taxa de 0,23% observada em maio. Essa é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%.

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Além disso, no acumulado em 12 meses, o índice oficial da inflação brasileira desacelerou a 3,16% ante 3,94% do mês anterior. A taxa somada em um ano é a mais baixa desde setembro de 2020, quando estava em 3,14%.

Em relação às previsões dos agentes financeiros, o IPCA ficou praticamente em linha. A mediana das estimativas era de -0,10%. Porém, o mercado esperava uma taxa de 3,14% no acumulado em 12 meses.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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