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Rating do Brasil: S&P demora em média 9 meses para aumentar nota do país, mostra estudo
A agência Standard & Poors (S&P) aumentou o viés de rating soberano do Brasil de “estável” para “otimista”. E um estudo realizado pela economista do Itaú Unibanco, Julia Passabom, mostra que a S&P demora em média nove meses a partir da alteração para mudar a nota de crédito do país.
A média brasileira é menor que entre economias de países em desenvolvimento, como México e Hungria.
De nove vezes em que a S&P sinalizou uma mudança positiva no rating do Brasil, oito foram convertidas em mudança efetiva da nota. Isso representa uma taxa de elevação de 89% para o país, a maior entre nações latino-americanas. A única vez em que a S&P elevou o viés de rating, mas não melhorou a posição do Brasil em seu ranking, foi em dezembro de 2019, logo antes da pandemia.
Rating do Brasil precisa subir três vezes para deixar risco
No último dia 14, a agência de classificação de risco de crédito elevou a perspectiva de rating soberano do Brasil. A S&P justificou o viés positivo com sinais de “estabilidade” na condução da política fiscal e monetária.
O rating do Brasil atualmente, de acordo com a S&P, é de BB-. A nota inclui o país no ranking “especulativo” para o crédito de investidores internacionais, o que configura risco “considerável” ao aplicar dinheiro em títulos da dívida soberana.
Para se tornar um país sem risco “especulativo” de crédito, o Brasil precisa subir mais três vezes no ranking da S&P. Ou seja, o país teria que subir do BB- para o BBB-, conhecido como “triple B”. A última vez em que isso ocorreu foi em maio de 2007, durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda conforme o estudo do Itaú, da última vez em que a S&P subiu o rating do Brasil de BB- para BB, em 2005, a agência demorou cerca de três meses.
Entre emergentes, Brasil está abaixo da média da S&P
O tempo em que a S&P converte o viés em nota para o Brasil está abaixo da média entre 11 países emergentes de América Latina, Europa e Ásia analisados pelo estudo do Itaú.
Nesse conjunto de economias em desenvolvimento, que inclui Hungria, Polônia, México e Peru, a média de tempo foi de 12 meses entre o viés e a elevação do rating.
Em comparação com países latino-americanos, México e Peru, por exemplo, a S&P demora em média dez e 13 meses para mudar o rating em média, respectivamente.
Brasil depende de ‘reformas’ para aumentar rating
O aumento do rating soberano do Brasil tem uma série de impactos positivos para a economia do país, explica Júlia Passabom, economista do Itaú BBA. Um dos efeitos positivos de uma escalada no rating é, por exemplo, o fluxo de investimentos estrangeiros e, portanto, um alívio na taxa de câmbio.
Mas esse efeito é de “curtíssimo prazo”, afirma Júlia. Desde a alta no viés de rating pela S&P, o dólar caiu quase 1%. “Além disso, normalmente, quando há uma revisão de viés de rating soberano, isso se reflete no rating das empresas brasileiras”.
A mudança de viés ocorreu também com uma das principais empresas brasileiras exportadoras: a BRF. Um dia após a revisão da nota soberana, a companhia de proteína animal também passou de uma perspectiva “estável” para “otimista” na análise da S&P, de BB- para BB.
Para transformar o viés em nota, o Brasil precisa, segundo a economista do Itaú, “de reformas na direção correta”, como a tributária.
“O país também requer sustentabilidade fiscal no longo prazo”, para crescer no ranking, diz Júlia. Para isso, o governo depende do funcionamento do arcabouço fiscal e atingir as metas de trajetória da dívida em relação ao PIB.
A chance de o Brasil aumentar o rating é maior do que o contrário, mas a desancoragem de expectativas na economia prejudicar o rating. “Se tivermos uma política que não transmita confiabilidade, podemos voltar para um viés estável”, conclui Julia.
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