Ray Dalio, do fundo mais lucrativo do mundo, questiona Elon Musk sobre crise fiscal dos EUA
A discussão sobre a trajetória fiscal não é exclusividade brasileira. Nos Estados Unidos, o tema reapareceu com força nos últimos dias, com indicativos de que a atividade econômica segue forte por lá. Nesta quarta-feira (26), foi a vez de Ray Dalio, criador do fundo mais lucrativo do mundo, questionar o magnata Elon Musk, braço direito do presidente Donald Trump, sobre o tema.
Dalio criou a Bridgewater Associates, então a maior e mais lucrativa gestora de hedge funds do mundo, com cerca de US$ 140 bilhões sob gestão. Em um post no X, antigo Twitter, em que responde uma provocação anterior de Elon Musk, Dalio encerra o assunto convidando o magnata a debater a questão do déficit fiscal americano.
Musk atua como secretário do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que tem mandato de cortar gastos públicos. Um dos desafios é encarar a questão fiscal, que tem preocupado os mercados.
“Se não reduzirmos o déficit orçamentário dos EUA para cerca de 3% do PIB, haverá oferta excessiva de títulos do Tesouro em relação à demanda por eles, o que pode gerar problemas reais. O que você acha?”, pergunta Ray Dalio.
Ray Dalio e o rombo dos EUA
O rombo nas contas públicas americanas chegou a US$ 711 bilhões em 2024, 39% a mais que no mesmo período do ano anterior. O valor, assim, é equivalente a 7% do PIB.
Em seu novo livro, “How Country Go Broke”, (Como os Países Quebram, em tradução livre), que será lançado em setembro deste ano, Ray Dalio trata da questão. “Aqui está minha visão mais detalhada”, diz ele.
Debate entre Ray Dalio e Elon Musk
O debate entre Day Dalio e Elon Musk começou quando, durante uma entrevista, Dalio falava sobre a distância entre a capacidade de produção chinesa e dos Estados Unidos.
Ele, assim, comentou que as atuais gerações não irão assistir “os Estados Unidos superarem a produção China”. Segundo ele, na entrevista, a China controla 33% da produção global, mais que os Estados Unidos, Europa e Japão combinados.
Elon Musk postou o vídeo no X e comentou: “Talvez Ray Dalio tenha dados diferentes. Mas o Grok pensa que a produção Estados Unidos, Europa e Japão superam, juntos, a China”.
Grok é a ferramenta de Inteligência Artificial da xAI, empresa de Musk.
Dalio, então, respondeu admitindo a confusão. Disse que, na verdade, ele quis se referir a produção combinada entre EUA, Alemanha e Japão.
“Falei muito rápido e fui um pouco descuidado”, disse.
“Seus números e os meus mostram que a China fabrica cerca de 30%, os EUA cerca de 15%, a Alemanha cerca de 5% e o Japão cerca de 6% (um total de aproximadamente 26% contra os 30% da China)”, escreveu.
“Se esses números fossem ajustados para refletir que os chineses geralmente vendem itens comparáveis a preços mais baixos, a magnitude da manufatura chinesa seria ainda mais impressionante.”, destacou.
Até o fechamento desta reportagem, Musk não havia dado sequência à troca de mensagens.
Recentemente, aqui no Brasil, o gestor Fabio Rios, da Absolute, também destacou os riscos da crise fiscal dos Estados Unidos. Ele adiantou o rali das ações que compõem o S&P 500. E disse que, neste momento, via riscos na renda variável americana. E apostava na queda do dólar, frente outras moedas de países ricos.
Confira abaixo o post completo do gestor
“Obrigado pela correção, @elonmusk. É ótimo que então possamos ter uma boa troca sobre questões econômicas. Quando eu disse que a produção manufatureira da China é maior do que a dos EUA, Europa e Japão, quis dizer que é maior do que a dos EUA, Alemanha e Japão. (Falei muito rápido e fui um pouco descuidado.).
Mas os números no Grok estão corretos e ainda impressionam, então o ponto continua o mesmo: a China é o principal player na manufatura global. Seus números e os meus mostram que a China fabrica cerca de 30%, os EUA cerca de 15%, a Alemanha cerca de 5% e o Japão cerca de 6%. Um total de aproximadamente 26% contra os 30% da China.
Se esses números fossem ajustados para refletir que os chineses geralmente vendem itens comparáveis a preços mais baixos, a magnitude da manufatura chinesa seria ainda mais impressionante. (Aliás, achei a resposta e a análise do Grok sobre isso ótimas.)”
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