Renda das famílias deve ficar mais comprometida, e com dívidas mais onerosas, diz Banco Central

Dívidas com cartão de crédito e crédito não consignado são algumas das responsáveis pelo aumento do endividamento e do valor das dívidas, diz o BC

- Ilustração: Renata Miwa
- Ilustração: Renata Miwa

O Banco Central (BC) avalia que a capacidade de pagamento dos tomadores de crédito piorou, mesmo diante da recuperação econômica e do aumento do emprego. “O cenário ainda é de renda das famílias cada vez mais comprometida com dívidas mais onerosas, como cartão de crédito e crédito não consignado”, afirmou em relatório divulgado há pouco.

O BC frisou, ainda, que o apetite ao risco das instituições financeiras seguiu elevado no crédito para microempresas e para famílias. “A estimativa da qualidade das contratações para as microempresas ao longo do primeiro semestre manteve-se em nível inferior à dos períodos anteriores”, destacou o documento.

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Tipos de endividamento

Entre as famílias, o crédito não consignado permanece crescendo mais em operações de maior risco, em linhas sem garantia ou com garantia. Em veículos, ainda predomina o financiamento de usados, com prazos mais longos.

“Nesse sentido, cresce a preocupação com o efeito de eventual frustação da atividade econômica sobre a materialização do risco de crédito. Diante de tal quadro, o Comef reiteradamente tem avaliado ser importante as IFs [instituições financeiras] continuarem preservando a qualidade das concessões”, disse o BC.

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Concessões mais arriscadas

O relatório enfatizou que a materialização de risco aumentou em razão de concessões mais arriscadas em trimestres anteriores. “Nas microempresas, os ativos problemáticos (APs) aumentaram, a despeito do forte crescimento da carteira. Em relação às famílias, a materialização de risco cresceu de forma relevante em 2022 no crédito não consignado, no cartão de crédito e no financiamento de veículos”, pontuou.

Ainda assim, de acordo com a autoridade monetária, o crescimento do crédito amplo continuou condizente com os atuais fundamentos econômicos. “O crédito bancário para pessoas físicas (PFs) manteve o alto ritmo de crescimento, sobretudo no crédito não consignado e no cartão de crédito”, ressaltou em relatório divulgado há pouco.

“O crédito às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) também seguiu crescendo forte, em especial para financiar capital de giro nas microempresas e investimento nas companhias de médio porte. As empresas de maior porte, por sua vez, continuaram acessando principalmente o mercado de capitais, mas voltaram a incrementar operações com o sistema bancário. Tal crescimento está condizente com o ritmo de crescimento do PIB nominal”, complementou.

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