Treasuries caem após alta impulsionada por incertezas. Os rendimentos dos Treasuries recuam nesta quinta-feira, ajustando as fortes altas de ontem. A ata do Federal Reserve (Fed) revelou preocupações inflacionárias e a possibilidade de uma postura mais cautelosa no afrouxamento monetário. Hoje, o mercado de Treasuries fecha mais cedo em luto pelo ex-presidente Jimmy Carter. Amanhã, o foco será no relatório de emprego de dezembro, que deverá mostrar uma abertura de 155 mil novas vagas. Gilts britânicos seguem em alta, pressionando a libra. A força dos Treasuries americanos impulsiona os rendimentos dos Gilts do Reino Unido, derrubando a libra e aumentando os temores de uma crise fiscal. O rendimento do Gilt de 10 anos atingiu máximos de 2008, enquanto o do Gilt de 30 anos está no maior nível desde 1998. O economista-chefe do Citi, Andrew Hollenhorst, alerta que as baixas taxas de contratação e demissão sugerem um mercado de trabalho menos saudável do que a taxa de desemprego indica.
Depois de registrarem forte alta ontem impulsionados por incertezas em relação à política tarifária de Donald Trump e por uma ata da reunião do Federal Reserve (Fed) de dezembro que aponta que as autoridades revelaram temores inflacionários e indicaram que devem agir com mais cautela no afrouxamento monetário, os rendimentos dos Treasuries se ajustam em queda nesta quinta-feira, embora permaneçam nos níveis mais elevados em cerca de nove meses.
A sessão de hoje é mais curta, com o mercado de Treasuries devendo fechar às 16h (de Brasília) em respeito à morte do ex-presidente Jimmy Carter. Wall Street permanece fechada também em luto. Sem dados importantes a serem divulgados hoje, o mercado espera a divulgação do relatório de empregos, o “payroll”, de dezembro, amanhã. O consenso é de uma abertura de 155 mil novas vagas em dezembro ante 227 mil em novembro. Já a taxa de desemprego é esperada que se mantenha em 4,2%.
“A ata da reunião do Fed de dezembro indicou uma preocupação crescente de que tarifas e políticas de imigração apoiariam a inflação. Enquanto isso, a taxa de desemprego baixa convenceu as autoridades de que os riscos de desaceleração do mercado de trabalho diminuíram”, afirma o economista-chefe para os EUA do Citi, Andrew Hollenhorst.
Segundo ele, as baixas taxas de contratação e demissão sugerem que o estado do mercado de trabalho não é tão saudável quanto a taxa de desemprego parece indicar. “Empresas envolvidas em congelamentos de contratações ou chamando trabalhadores parcialmente remotos de volta aos escritórios em tempo integral são sinais claros de que a demanda por mão de obra continua diminuindo”, afirma. A projeção de Hollenhorst é de que a taxa de desemprego deve subir para 4,4%.
Autoridades do Fed confirmaram, hoje, em comentários, a disposição do Fed de ser mais cauteloso nos cortes. A presidente da distrital de Boston, Susan Collins, foi mais “hawkish” (agressiva, inclinada ao aperto monetário) ao afirmar que os juros devem permanecer elevados por mais tempo se o processo de desinflação for mais lento que o esperado. Ela também reiterou preocupações inflacionárias. O presidente da distrital da Filadélfia, Patrick Harker, também pontuou a necessidade de ser mais gradual.
Sem novidades em relação à ata, os rendimentos ajustaram as altas de ontem. Por volta das 13h30, o rendimento do Treasury de 2 anos caía de 4,297% para 4,266%, o yield do papel de 10 anos recuava de 4,706% para 4,661% e o retorno do título de 30 anos cedia de 4,907% para 4,899%.
No Reino Unido, os yields dos títulos do governo britânico, os Gilts, seguem impulsionados pela força dos Treasuries americanos, derrubando a libra e reacendendo temores de uma crise fiscal. “As oscilações vistas nos Gilts do Reino Unido foram extremas, com investidores particularmente preocupados com a perspectiva para a economia do Reino Unido e o estado das finanças públicas”, disse o chefe de estratégia de mercado da Ebury, Matthew Ryan. O aumento nos rendimentos se acentuou na terça-feira após a fraca demanda em um leilão de Gilts de 30 anos.
No horário acima, o rendimento do Gilt de 10 anos subia de 4,8010% a 4,8590% — nos maiores níveis desde 2008 — enquanto o yield do papel de 30 anos avança de 5,356% a 5,440% , maior nível desde 1998. Enquanto isso a libra perde 0,51% a US$ 1,22957 e o índice DXY – que mede a relação entre o dólar e uma cesta de seis moedas de países desenvolvidos – sobe 0,08% a 109,18 pontos.
*Com informações do Valor Econômico
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