Conheça os principais riscos que o J.P. Morgan enxerga para o Brasil após atos golpistas

Desdobramentos de atos golpistas preocupam banco, mas governabilidade não está em questão

Bolsonaristas em ato golpista em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Bolsonaristas em ato golpista em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O risco de polarização política aumentou desde a violenta invasão aos três principais edifícios dos Poderes em Brasília, na avaliação do J.P. Morgan.

“Vemos motivos para nos preocupar com o que vem a seguir e pode ter efeitos duradouros no debate público e político, mas neste momento esses riscos são difíceis de medir”, escrevem a economista-chefe para Brasil, Cassiana Fernandez, e os economistas Vinicius Moreira e Mirella Sampaio em relatório.

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Um dos desafios que o novo governo enfrentará, segundo eles, é como cumprir as promessas de campanha sem comprometer a estabilidade financeira e perder o controle da moeda e das expectativas de inflação. “Isso é particularmente verdadeiro em um ambiente em que a opinião pública está tão dividida”, afirmam.

“Até agora, apesar do ambiente polarizado, evidenciado por uma violenta invasão de prédios do governo brasileiro em 8 de janeiro, vemos razões para acreditar que a governabilidade não será uma questão imediata”, dizem Fernandez, Moreira e Sampaio.

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Os economistas lembram que o novo governo começou antes mesmo da posse em 1º de janeiro, com a equipe de transição negociando junto ao Congresso e conquistando uma expansão fiscal de 1,8% do PIB em tempo recorde.

Além disso, a equipe de governo foi adaptada para “trazer importantes partidos de centro a bordo”, apontam. “Por fim, há razões para acreditar que Lula pode encontrar apoio parcial mesmo em partidos não alinhados com seu governo, o que pode ser mais ou menos bem-sucedido dependendo da agenda e da coordenação política”, acrescentam.

Os sinais da agenda a ser proposta, no entanto, são fonte de preocupação, na visão do J.P. Morgan. “A decisão de prorrogar a desoneração dos combustíveis, abrindo mão de importante fonte de financiamento para gastos extras, não foi um bom presságio para o cenário fiscal, ainda que politicamente justificada para evitar um pico de inflação no curto prazo e ameaças de greve de caminhoneiros”, dizem os economistas do banco.

A ênfase nos gastos e em investimentos sociais, presentes nos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seus ministros, e a possível reversão de medidas aprovadas anteriormente têm gerado uma reação negativa do mercado, observam.

Por outro lado, eles destacam que o compromisso com a responsabilidade fiscal foi enfatizado pelos três ministros escolhidos por Lula para comandar a agenda econômica – Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (Desenvolvimento).

“Esse triunvirato terá de conceber soluções que equilibrem a pressão política por saídas rápidas e as questões prementes de sustentabilidade fiscal – um desafio que pode ser afetado por suas origens e aspirações políticas”, afirmam.

Os riscos idiossincráticos do Brasil podem ainda ser exacerbados ou moderados pelas perspectivas globais, que estão sujeitas a maior incerteza em meio à reabertura da China e ao risco de recessão nos Estados Unidos, aponta o relatório.

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