Saiba o que acontece no 7º dia de guerra

Rússia intensifica ataques a Kharkiv e Kherson, mas se diz pronta a retomar negociações. Prosseguem as sanções pelo Ocidente, nos campos financeiro, empresarial e diplomático. Mais de 800 mil pessoas já fugiram da Ucrânia

Bombeiros apagam fogo em um prédio do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) após um ataque russo em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia (Foto: Andrew Marienko/AP)
Bombeiros apagam fogo em um prédio do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) após um ataque russo em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia (Foto: Andrew Marienko/AP)

No sétimo dia de guerra, a Rússia continuou seus ataques a importantes cidades da Ucrânia e um longo comboio de tanques e veículos militares russos avançou lentamente em direção à capital, Kiev. O Ministério da Defesa da Rússia disse que tropas do país tomaram a cidade de Kherson, no sul da Ucrânia. Autoridades ucranianas, porém, negam a informação e dizem que os confrontos continuam.

A escalada da Rússia ocorreu ao mesmo tempo em que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em seu discurso sobre o Estado da União aos americanos, alertou que, se o líder russo Vladimir Putin não “pagasse um preço” pela invasão, a agressão não pararia em um único país.

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Retomada das negociações
O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse a jornalistas que uma delegação russa estará pronta na quarta-feira à noite para retomar as conversas com autoridades ucranianas sobre a guerra na Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, também disse que seu país está pronto.

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O que está acontecendo em solo

Um alto funcionário de defesa dos EUA disse que o progresso militar da Rússia desacelerou, devido a problemas logísticos e de abastecimento. Algumas colunas militares russas ficaram sem gasolina e comida, disse o oficial, e o moral das tropas foi prejudicado. As forças armadas russas também foram paralisadas por uma resistência feroz no solo e uma surpreendente incapacidade de dominar completamente o espaço aéreo da Ucrânia.

O ataque da Rússia a Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, continuou na quarta-feira, com bombardeios às sedes da polícia regional e da Inteligência, de acordo com o serviço de emergência estatal ucraniano.

O ataque explodiu o telhado do prédio da polícia e incendiou o último andar, e pedaços do prédio de cinco andares foram espalhados pelas ruas adjacentes, de acordo com vídeos e fotos divulgados pelo serviço de emergência.

Nos ataques de quarta-feira, quatro pessoas morreram, nove ficaram feridas e equipes de resgate retiraram 10 pessoas dos escombros, segundo o serviço.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, chamou o ataque a Kharkiv de “terror indisfarçável”.

Na terça-feira, um bombardeio atingiu uma torre de TV na capital. Autoridades ucranianas disseram que cinco pessoas foram mortas no ataque. Uma sala de controle de TV e uma subestação de energia foram atingidas, e pelo menos alguns canais ucranianos pararam de transmitir brevemente, disseram autoridades.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou na quarta-feira que o russo desativou a principal torre de TV em um ataque aéreo, mas disse que o ataque não atingiu nenhum prédio residencial. O porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, não abordou as mortes no ataque de terça-feira. Ele disse que o ataque visava desativar a capacidade da Ucrânia de encenar “ataques de informação”.

O Ministério da Defesa do Reino Unido disse ter visto um aumento nos ataques aéreos e de artilharia russos em áreas urbanas povoadas nos últimos dois dias. Também disse que três cidades – Kharkiv, Kherson e Mariupol – foram cercadas por forças russas.

O que disse Biden

O presidente dos EUA usou seu primeiro discurso sobre o Estado da União para destacar a determinação de uma aliança ocidental que trabalhou para rearmar os militares ucranianos e adotar sanções duras – incluindo o fechamento do espaço aéreo dos EUA para todos os voos russos.

Biden dedicou os primeiros 12 minutos de seu discurso à Ucrânia, com legisladores de ambos os partidos repetidamente se levantando e aplaudindo enquanto ele elogiava a bravura do povo ucraniano e condenava o ataque de Putin.

Rússia cada vez mais isolada

A Rússia se vê cada vez mais isolada, atingida por sanções que colocaram sua economia em turbulência e deixaram o país praticamente sem aliados, além de algumas nações como China, Belarus e Coreia do Norte. Biden disse que as sanções deixaram o presidente russo, Vladimir Putin, “mais isolado no mundo do que jamais esteve”.

O banco russo Sberbank anunciou na quarta-feira que está se retirando dos mercados europeus em meio ao aperto das sanções ocidentais. O banco disse que suas subsidiárias na Europa estão enfrentando uma “saída anormal de fundos e uma ameaça à segurança de funcionários e filiais”, segundo agências de notícias russas. Eles não forneceram detalhes das ameaças.

Os EUA e a União Europeia impuseram sanções aos maiores bancos da Rússia e sua elite, congelaram os ativos do Banco Central do país localizados fora do país e excluíram algumas de suas instituições financeiras do sistema de mensagens bancárias Swift.

As duras sanções e a resultante queda do rublo fazem o Kremlin lutar para manter a economia do país funcionando. Para Putin, isso significa encontrar soluções alternativas para o bloqueio econômico ocidental.

Ex-funcionários do Departamento do Tesouro americano e especialistas em sanções esperam que a Rússia tente mitigar o impacto das penalidades financeiras confiando nas vendas de energia e apoiando-se nas reservas do país em ouro e moeda chinesa. Putin também deve movimentar fundos através de bancos menores e contas de famílias de elite não cobertas pelas sanções, negociar criptomoedas e confiar no relacionamento da Rússia com a China.

A situação humanitária

Está piorando. Cerca de 874 mil pessoas fugiram da Ucrânia e a agência de refugiados da ONU alertou que o número pode ultrapassar a marca de 1 milhão em breve. Inúmeros outros se abrigaram no subsolo. O número de mortos não está claro, pois nem a Rússia nem a Ucrânia divulgam o número de soldados perdidos. A comissão de direitos humanos da ONU disse que registrou 136 mortes civis.

A ONG Human Rights Watch disse que documentou um ataque com bomba de fragmentação do lado de fora de um hospital no leste da Ucrânia nos últimos dias. Os moradores também relataram o uso das armas em Kharkiv e na vila de Kiyanka. O Kremlin negou o uso de bombas de fragmentação.

A União Europeia está intensificando a ajuda para a Ucrânia e está se movendo no sentido de conceder proteção temporária àqueles que fogem da invasão da Rússia. A Comissão da UE anunciou na quarta-feira que concederá autorizações de residência temporárias aos refugiados e lhes concederá direitos à educação e ao trabalho no bloco de 27 países. A medida ainda precisa ser aprovada pelos estados membros, mas eles já expressaram amplo apoio no fim de semana.

Ocorrências nas Nações Unidas

A Assembleia Geral da ONU votará na quarta-feira uma resolução exigindo que a Rússia pare imediatamente de usar a força contra a Ucrânia e retire seus militares do país, e condenando a decisão de Moscou de “aumentar a prontidão de suas forças nucleares”.

A Assembleia Geral de 193 nações se reuniu na terça-feira para um segundo dia de discursos sobre a guerra, com mais de 110 estados membros inscritos para falar. Ao contrário do Conselho de Segurança da ONU, a Assembleia Geral não permite vetos. E, ao contrário das resoluções do Conselho de Segurança, as resoluções da Assembleia Geral não são juridicamente vinculativas, embora tenham influência ao refletir a opinião internacional.

Com Valor Econômico e agências internacionais

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