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Samsung teme aderir a sanções e perder mercado da Rússia para os chineses
Mesmo que as empresas multinacionais tenham saído da Rússia em resposta à guerra na Ucrânia, a Samsung Electronics ainda não tomou uma posição clara sobre o assunto, temendo perder parte substancial do mercado de smartphones e televisores para os rivais chineses.
Quando perguntado sobre a retirada da Rússia na assembleia geral de acionistas do mês passado, o executivo-chefe (CEO) da companhia sul-coreana, Han Jong-hee, disse apenas que a empresa “monitorará a situação e responderá, minimizando o impacto em nossos negócios”.
Em meio a uma enxurrada de saídas da Rússia após a invasão de 24 de fevereiro, a Samsung parou de enviar produtos ao país no início de março, alegando problemas na cadeia de suprimentos. No fim daquele mês, renomeou aparelhos como o Galaxy Z Fold em certos mercados, já que a letra “Z” se tornou um símbolo de apoio à invasão.
Mas a fabricante tem sido menos proativa do que outras em se distanciar da Rússia, apontando fatores externos em suas decisões, e não deixou sua posição clara sobre a guerra em si.
Essa imprecisão ressalta seus desafios como gigante multinacional.
A Samsung agora gera cerca de 4 trilhões de won (US$ 3,3 bilhões) em vendas por ano na Rússia. Embora esse mercado represente apenas 3% de suas vendas de smartphones e eletrodomésticos, a empresa opera uma instalação de produção de televisão fora de Moscou e cultivou um negócio lucrativo lá.
A Samsung entrou cedo na Rússia, após a queda da União Soviética, vendo promessa em sua riqueza de recursos naturais. Ela gastou muito em marketing de telefones celulares, TVs e eletrodomésticos, e a fábrica de TV, iniciada em 2007, ajudou a acumular ainda mais participação de mercado. Seria difícil para a empresa sair no momento em que está recuperando seus investimentos.
A concorrência de rivais chineses em rápido crescimento provavelmente também é um fator.
A Samsung lidera o mercado russo de smartphones com 34% de participação, seguida pela Xiaomi com 26% e pela Apple com 15%, de acordo com os dados mais recentes da empresa de pesquisa de mercado IDC. A Apple já interrompeu as vendas na Rússia, e a Samsung pode arriscar essencialmente ceder o mercado para a Xiaomi se seguir o exemplo.
Nas TVs, concorrentes como a TCL e a Hisense procuram desbancar a Samsung oferecendo produtos de alta qualidade a preços baixos. À medida que as tensões entre os Estados Unidos e a China levam a uma maior dissociação na economia global, a Samsung teme que sair dos mercados em que se concentrou sempre que surgirem conflitos daria espaço para os chineses.
Enquanto isso, a Samsung enfrenta crescente escrutínio do governo dos Estados Unidos e de investidores estrangeiros. A empresa planeja construir uma fábrica de semicondutores no Texas, mas pode perder os incentivos do governo para a planta e arriscar sua imagem de marca nos Estados Unidos ao continuar operando na Rússia.
Outras empresas sul-coreanas também enfrentam dilemas na Rússia.
A LG Electronics opera uma fábrica de eletrodomésticos perto de Moscou e compete com a Samsung pela maior fatia do mercado russo em refrigeradores, máquinas de lavar e TVs. A Rússia responde por 3% das vendas totais da LG Electronics, embora a empresa tenha suspenso suas operações no país citando interrupções na cadeia de suprimentos.
O Hyundai Motor Group vendeu no ano passado 380 mil veículos, ou 6% de suas vendas totais de unidades, na Comunidade de Estados Independentes, dos antigos países soviéticos. A Hyundai opera uma fábrica de montagem em São Petersburgo e, juntamente com a subsidiária Kia, rivaliza com a montadora local AvtoVAZ como o principal player na Rússia. Sua produção e vendas no país estão agora suspensas.
A Korea Shipbuilding and Offshore Engineering, a Samsung Heavy Industries e a fabricante de salgadinhos Orion também estavam fazendo incursões na Rússia.
Nenhuma grande empresa sul-coreana anunciou planos de sair da Rússia até agora. A maioria diz que está esperando a tempestade passar.
As empresas sul-coreanas também adotaram uma abordagem diferente de suas contrapartes ocidentais em Mianmar, após o golpe militar no país em fevereiro de 2021. A Posco International está avançando com um investimento adicional em um projeto de gás natural em Mianmar, mesmo que mais empresas europeias e americanas saiam do país, em parte para recuperar seu investimento de décadas lá.
A Rússia é o 10º maior parceiro comercial da Coreia do Sul, com US$ 27,3 bilhões em comércio total em 2021. A Coreia do Sul exporta principalmente carros, autopeças e aço para a Rússia e importa gás natural liquefeito. Dado seus estreitos laços econômicos, o governo sul-coreano optou por não instar as empresas a tomar uma posição clara em relação à Rússia.
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