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Copom pode surpreender? Veja a avaliação dos especialistas
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira (3), após o fechamento do mercado, sua decisão de política monetária. A maioria dos economistas espera que o colegiado promova uma última alta de 0,50 ponto na taxa básica de juros (Selic), que passaria a 13,75% ao ano. Desta forma, se encerraria o atual ciclo de aperto monetário, que agora entra no seu 18º mês.
Entretanto, há quem acredite que, com a deterioração das expectativas de inflação no médio prazo, a Selic chegue até 14,25% neste ano, conforme mostrou pesquisa feita pelo Valor.
O levantamento, realizado entre os dias 27 e 29 de julho, aponta que 65 casas esperam que a taxa básica chegue a 13,75% nesta semana e fique parada nesse nível; 32 veem a Selic em 14% em dezembro; e 17 projetam uma taxa de 14,25% no fim do ano.
De olho no comunicado do Copom
O comunicado do Copom, logo após a decisão desta quarta-feira, é aguardado com ansiedade pelo mercado, de olho nas sinalizações para os próximos passos da política monetária para calibrar suas apostas. O colegiado costuma indicar o que antevê para a decisão seguinte.
Segundo a precificação extraída da curva de juros nesta terça-feira, o mercado espera, para além da alta de 0,50 ponto percentual nesta quarta, um ajuste residual de 0,25 ponto até o fim de 2022.
Já o mercado de opções de Copom, na B3, apontava nesta terça-feira 92% de probabilidade de um aumento de 0,5 ponto na taxa Selic nesta semana, contra 7,9% de chance de alta de 0,25 ponto.
Em relação à reunião de setembro do Copom, o mercado apontava 37% de chance de manutenção, 40% de possibilidade de uma alta de 0,25 ponto e 16% de probabilidade de um aumento de 0,50 ponto.
O que pode prolongar o aperto monetário?
Para os analistas do BTG Pactual, a deterioração do cenário deve evitar que o Banco Central interrompa o ciclo de aperto monetário neste mês. “Nesta quarta-feira, esperamos que o BC, além de entregar os já precificados +50bps, mantenha a estratégia de continuar com o ciclo de ajustes na taxa Selic”, afirmam, em relatório.
“O cenário global se deteriorou com manutenção das altas expectativas de inflação, elevação dos juros pelo BCE (Banco Central Europeu) e Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e, agora, maior probabilidade de recessão na Europa e nos EUA”, dizem.
Os profissionais do BTG acrescentam que, no Brasil, a atividade forte no primeiro semestre, a maior fragilidade fiscal de curto e longo prazo e a deterioração das expectativas de IPCA para 2023 trazem um ambiente desafiador para que o Copom tente sinalizar qualquer encerramento de ciclo de aperto monetário.
“O BC deve levar a Selic para 13,75% e indicar ‘um novo ajuste de igual ou menor magnitude’, repetindo a estratégia do último comunicado e comprando graus de liberdade para as próximas reuniões”, afirmam.
Finalmente o alívio?
Para analistas da XP, porém, com as pressões inflacionárias globais começando a diminuir, o Copom deverá finalmente fazer uma pausa no ciclo de aperto monetário.
“Em nosso cenário básico, o Copom eleva a Selic em 0,50 ponto percentual esta semana e a mantém em 13,75% até meados do ano que vem”, afirmam, em relatório. “Reconhecemos, porém, que o Comitê pode optar por ir um pouco mais longe, para garantir que o IPCA recue adiante.”
Os profissionais das XP ressaltam que, em circunstâncias normais, o Copom deve encontrar espaço para flexibilizar a política monetária no ano que vem.
“No entanto, não estamos em circunstâncias normais (…) Quase não há clareza sobre qual será o arcabouço fiscal a partir de 2023. Uma mudança mais profunda e permanente na política fiscal, que torne ainda mais nebulosas as perspectivas de sustentabilidade da dívida, pode alterar completamente os parâmetros da política monetária nos próximos anos”, acrescentam os analistas, para quem este parece ser o principal risco para a inflação no horizonte relevante da política monetária.
Ajuda externa
Para Igor Barenboim, economista-chefe da Reach Capital, o Banco Central, desta vez, é ajudado pelo cenário externo. Isso porque o Federal Reserve não se comprometeu com a magnitude da alta em sua próxima reunião de política monetária, ao mesmo tempo em que a percepção de desaceleração da economia global tem ganhado força e os preços das commodities vêm apresentando queda.
“Ainda é muito cedo para o Banco Central se comprometer com parar de subir os juros, então ele deve deixar a porta aberta. Mas o que deve acontecer é que, ao longo dos próximos 45 dias, vai ficar cada vez mais claro que dá para ele parar”, afirma o economista, que tem como cenário-base uma Selic de 13,75% no fim do ano.
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