“Semana internacional da inflação” traz dados cruciais em momento de dúvida sobre juros
Indicadores de preços no Brasil, nos EUA e na China vão ajudar investidores a ajustar suas expectativas sobre política monetária
Nas últimas duas semanas, os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil aumentaram os juros básicos nos dois países. Mas, diferentemente do que os especialistas esperavam, ainda não dá para dizer que a trajetória de elevação – que no Brasil se estende desde março de 2021 – está encerrada. O fim do aperto depende essencialmente do ritmo da inflação, e, na semana que começa, haverá a divulgação de indicadores de preços onde mais interessa para o mercado brasileiro: o próprio país, a China e os EUA – seus dois maiores parceiros comerciais. Os americanos também são boa parte dos investidores estrangeiros que investem no mercado local.
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Por que importa?
Os juros são a principal arma de que dispõem os banco centrais para tentar segurar o aumento de preços, que corrói o valor da moeda dos países. A alta das taxas básicas torna os financiamentos para o consumidor e o empresário mais caros, desencorajando os gastos, na expectativa de esfriar a economia.
Neste momento, depois de um aumento de 0,75 ponto percentual, a taxa nos EUA está no intervalo 2,25%-2,5% ao ano. O mercado de títulos de renda fixa, que projeta as expectativas para os juros no futuro, está indicando que a maior parte das apostas é de que o Fed (Federal Reserve, banco central americano) ainda vai aumentar os juros para 3,5% ao ano em 2022. No Brasil, a maioria das estimativas é de mais um aumento de 0,25 p. p. na Selic após a elevação da semana passada, que levou a Selic de 13,25% ao ano para 13,75% ao ano. Na China, a taxa está em 3,7% ao ano, mas a administração dos juros é um pouco diferente das práticas ocidentais. “Estamos prestando muita atenção à aceleração do aperto monetário nas principais economias”, disse Zou Lan, presidente do Banco Popular da China, em meados de julho, segundo o site americano de notícias econômicas CNBC.
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As projeções são feitas pelo mercado com base nos indicadores de preços e de atividade econômica, além dos comentários dos bancos centrais e seus executivos. Os analistas têm criticado bastante a comunicação das autoridades a respeito de sua visão sobre as perspectivas para o cenário, por acharem que está confusa e sinaliza que, na realidade, os BCs não sabem muito bem o que fazer agora.
O BC brasileiro vai ter uma chance de esclarecer o que está vendo e pensando sobre a economia quando divulgar, na terça-feira (9) a ata da última reunião do seu Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). No mesmo dia, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informa como ficou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – a inflação oficial do país – em julho. A prévia (o IPCA-15), anunciada há duas semanas, desacelerou de 0,69% em junho para 0,13% em julho, e, se o índice fechado do mês confirmar essa tendência de baixa, podem aumentar as apostas de que o Copom não precisará sequer aumentar a taxa em 0,25 p.p. em sua reunião de setembro.
Na terça (9) também sai a inflação ao consumidor da China. Na quarta (10), a dos EUA. A inflação americana ainda não está dando sinais de arrefecimento, porém. Em junho, foi de 1,3%, acima das expectativas; no acumulado de 12 meses, atingiu 9,1%, maior índice desde 1981. Daí que o índice de preços que sai nesta semana é crucial para ajustar as projeções para a reunião do comitê de política monetária do Fed em setembro.
Como afeta os investimentos?
As expectativas sobre as taxas de juros são muito mais importantes no mercado de investimentos do que a atual taxa efetiva. Dessa forma, se a inflação desacelerar, os investidores vão reduzir suas previões para os juros nos próximos meses, tornando as aplicações em renda fixa menos atraentes e as de renda variável mais interessantes. Se a inflação subir e as estimativas para os juros subirem, o movimento é o oposto.
AGENDA DA SEMANA
Segunda-feira (8)
- Balanços antes da abertura dos mercados (Brasil): BB Seguridade, Metalúrgica Gerdau, Banco PAN
- Balanços antes da abertura dos mercados (EUA): SoftBank
- 8h25: Boletim Focus
- Balanços após o fechamento dos mercados (Brasil): Itaú, Banco Modal, Direcional
Terça-feira (9)
- Balanços antes da abertura dos mercados (Brasil): BTG Pactual, Banco ABC Brasil, Taurus, Aura Minerals
- 8h: Ata do Copom
- 9h: IPCA (julho), do IBGE
- 22h30 – China: Índice de preços ao consumidor (julho)
- Balanços após o fechamento dos mercados (Brasil): Guararapes, CVC Brasil, Méliuz, Valid, CSU Cardsystem, Copel
- Balanços após o fechamento dos mercados (EUA): LATAM Airlines, Coinbase
Quarta-feira (10)
- Balanços antes da abertura dos mercados (Brasil): Braskem, SmartFit
- Balanços antes da abertura dos mercados (EUA): Walt Disney, Arcos Dorados (McDonald’s América Latina)
- 9h: Vendas do varejo (junho), do IBGE
- 9h30 – EUA: Índice de preços ao consumidor (julho)
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo bruto
- Balanços após o fechamento dos mercados (Brasil): Banco do Brasil, BRF, Taesa, SulAmérica, Minerva, Petro Recôncavo, 3R Petroleum, MRV, Petz, Banrisul, Mahle Metal Leve, Iochpe-Maxion, Alliar, Traders Club, Banco Pine, Lavvi, C&A
Quinta-feira (11)
- S/h: Leitura das cartas em apoio à democracia na Faculdade de Direito da USP e na Fiesp
- Balanços antes da abertura dos mercados (Brasil): Raízen, Taesa
- 9h30 – EUA: Pedidos de seguro-desemprego (semanal)
- 9h30 – EUA: Índice de preços ao produtor (julho)
- Balanços após o fechamento dos mercados (Brasil): B3, JBS, Rede D’Or, Localiza, Hapvida, CPFL, Rumo, Sabesp, CCR, Eneva, Natura, Magazine Luiza, Energisa, Comgas, Americanas, Dasa, Grupo Mateus, Arezzo, Grupo Soma, Marfrig, BR Malls, Cyrela, Vivara, Cogna, Azul, Via, EZTec, JHSF, Oi, BR Properties, Randon, Qualicorp, Aeris, Hermes Pardini, Light, Hidrovias do Brasil, Banco BMG, Marisa, Trisul, IMC, Westwing, Enjoei, Springs, Time for Fun, Le Lis Blanc
- Balanços após o fechamento dos mercados (EUA): Vinci Partners
Sexta-feira (12)
- Balanços antes da abertura dos mercados (Brasil): Ser Educacional
- 6h – Zona do Euro: Produção industrial (junho)
- Balanços após o fechamento dos mercados (Brasil): Eletrobras, Cosan, Cemig, M Dias Branco, Mobly