No 7º e último episódio de ‘Plano Real’, Gustavo Franco celebra legado e imagina futuro do Brasil

Se você está com a gente desde o início dessa jornada para contar as histórias sobre os 30 anos do Plano Real, deve lembrar que o entrevistado de nosso 7º e último episódio já apareceu por aqui em uma matéria bem especial.

Pois é, estamos falando do economista Gustavo Franco. Além de ser um dos idealizadores do projeto que acabou com a hiperinflação no Brasil e ter presidido o Banco Central durante um período do governo de Fernando Henrique Cardoso, ele foi testemunha ocular da famigerada reunião ministerial em que FHC pediu demissão três vezes.

Isso aconteceu em um domingo, 28 de fevereiro de 1994, bem às vésperas da publicação da Medida Provisória que implementaria o real no dia seguinte, 1º de março. Para usar o jargão do futebol, a equipe do Ministério da Fazenda teve que se proteger de vários ataques contra o plano aos 45 minutos do 2º tempo.

Acho que já deu para entender porque Gustavo Franco foi o entrevistado que escolhemos para encerrar o podcast: é ele quem vai nos ajudar a entender o legado do Plano Real.

Acabar com hiperinflação é diminuir desigualdade

Para ele, o fato do Brasil ter conseguido superar um longo período de hiperinflação – e o Gustavo Franco acredita que fomos o país que conviveu mais tempo com esse monstro –, criou condições para que a democracia no Brasil se firmasse.

Isso porque o sucesso do Plano Real em acabar com a hiper e a maneira como governos tiveram que lidar com as muitas crises que atingiram o Brasil mostraram que a inflação é mais cruel com os pobres e uma das maiores causas da desigualdade que ainda nos assola.

“A experiência inflacionária ficou na memória das pessoas como algo que produz muita desigualdade. É um tratamento desigual, supercruel para alguns, muito mais do que para outros”, afirma Franco. “Talvez seja a principal razão pela qual a gente tem tanta desigualdade, né? A gente fala tanto da desigualdade e, no entanto, não põe a culpa na inflação”.

A entrevista completa com Gustavo Franco está no sétimo e derradeiro episódio de ‘Plano Real: a moeda que mudou o Brasil’. O podcast é produção original da Inteligência Financeira feita a partir de parceria com o Estúdio Novelo. A série conta com o patrocínio do Itaú BBA.

O caminho para os próximos 30 anos

Quando perguntado sobre como seriam os próximos 30 anos do real, Franco afirma que tudo depende da qualidade das reformas que o Brasil ainda precisa fazer.

“Acho que os próximos 30 vão ser parecidos com os últimos 15 das primeiras três décadas. Dá para fazer muitos exercícios desse tipo”, diz Franco. “Só espero que a gente acerte nas reformas para poder nos próximos 30 anos fazer um pulo em matéria de prosperidade e riqueza do país”.

Ele achou que a missão já estaria mais perto de se concretizar após a passagem dos primeiros 30 anos, mas não perde a esperança.

“Quando me formei nos anos 80, tinha a sensação, tinha a certeza de que daqui a 30, 40 anos, o Brasil seria um país rico. Isso aconteceu com a Austrália, com o Japão, mas não com a gente”, afirma o ex-presidente do BC. “A gente gastou esses 30 anos aí arrumando a moeda e a bagunça deixada pela inflação. Não conseguimos fazer todo o necessário para tornar o Brasil um país rico, mas a chance de conseguir fazer nos próximos 30 é muito grande”.

A entrevista foi concedida ao Daniel Fernandes, editor da Inteligência Financeira. Bem como ao economista-chefe do Itaú Unibanco Mario Mesquita.

Plano Real: os episódios anteriores

A série ‘Plano Real: a moeda que mudou o Brasil’ tem ao todo sete episódios e com este publicado nesta quinta, todos eles já estão no ar. Eles podem ser acessados a partir do site especial do projeto. Eles também estão disponíveis nas principais plataformas de áudio.

Confira abaixo a lista de episódios disponíveis.

Assim, a Inteligência Financeira também preparou uma série de reportagens a respeito do Plano Real, que completa 30 anos em 2024. Assim como os episódios em áudio, as principais matérias podem ser acessadas na nossa página especial.

Mas, para ajudar o leitor, selecionamos as principais reportagens abaixo

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