S&P melhora perspectiva da nota soberana do Brasil
Agência atribui decisão a sinais de maior certeza sobre estabilidade política fiscal e monetária
A agência de classificação de risco de crédito S&P elevou nesta quarta-feira (14) a perspectiva para a nota soberana do Brasil, que é BB-, de estável para positiva.
“A perspectiva positiva reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade da política fiscal e monetária que poderia beneficiar as perspectivas ainda baixas de crescimento do PIB do Brasil”, afirmou a S&P explicando a decisão no relatório.
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Segundo a agência, o crescimento do PIB somado à política fiscal pode resultar em uma carga de dívida pública menor do que o esperado, o que pode apoiar a flexibilidade monetária do país.
O anúncio chega na esteira de uma série de dados macroeconômicos nacionais melhores do que as expectativas, incluindo maior crescimento econômico e desaceleração da inflação, que aumentou as apostas de corte na taxa básica de juros, hoje em 13,75% anuais, a máxima desde 2016.
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Além disso, a aprovação parlamentar do arcabouço fiscal do governo Lula aliviou preocupações do mercado de um crescimento explosivo da dívida pública brasileira.
Os motivos da S&P para a decisão de hoje
A S&P citou uma extensa cadeia de eventos ocorridos no Brasil nos últimos anos como fatores para justificar a melhora da visão sobre o país, incluindo aprovação de reformas econômicas, como independência do Banco Central, mudanças na previdência e na lei trabalhista.
“Em nossa opinião, essas reformas explicam parcialmente por que o crescimento do PIB brasileiro, embora fraco em comparação com seus pares, foi melhor do que o esperado nos últimos dois anos”, afirmou a S&P.
A agência ainda afirmou esperar que o pragmatismo político do governo se traduza em uma estrutura estável e previsível para a política monetária, previna uma política fiscal frouxa, mesmo que o arcabouço fiscal seja mais permissivo do que o teto de gastos.
Por fim, a S&P considerou que a reforma tributária em discussão, uma vez aprovada, pode beneficiar as perspectivas de crescimento econômico no médio e longo prazo.
Mas na prática, o que significa?
Na prática, a medida significa que a S&P pode elevar a nota atribuída ao Brasil nos próximos dois anos, se o cenário considerado pela agência se consolidar.
Uma nota maior permite que o país atraia mais capital internacional, já que é uma métrica usada amplamente por investidores como critério para definir quais destinos são mais ou menos arriscados.
Na escala da S&P, a nota BB- é três degraus abaixo da faixa BBB-, o piso da faixa de grau de investimento, atribuído a ativos considerados de baixo risco.
Atualmente, o Brasil tem a mesma nota BB- na escala da Fitch, mas com perspectiva estável. Na Moody’s, que juntamente com as outras duas forma o trio de agências de rating mais importantes do mundo, a nota atribuída à dívida soberana brasileira é Ba2, dois níveis abaixo no ‘investment grade’, com perspectiva também estável.