Tarifaço de Trump: do abacate aos automóveis, veja o que deve ficar mais caro nos EUA

Do avocado — o mini abacate queridinho dos brunchs — ao trigo do pão e às carnes, passando ainda por eletrônicos, brinquedos e combustíveis, muitos dos produtos que fazem parte da mesa e do dia a dia dos americanos vêm de outros países.
Com a confirmação do primeiro “tarifaço” da nova gestão de Donald Trump, que prevê uma tarifa extra de 25% sobre produtos do México e Canadá, a conta vai ficar mais cara para as famílias dos Estados Unidos, pressionando a inflação.
Embora a Casa Branca tenha confirmado para o sábado (1º) as tarifas extras, que incluem também 10% a mais sobre as mercadorias vindas da China, ainda não está claro se todos os produtos importados desses países serão afetados.
Trump disse que as sobretaxas poderiam ser direcionadas a indústrias específicas, como a farmacêutica ou a siderúrgica, mas acenou para tarifas abaixo dos 25% para o petróleo vindo do México e Canadá.
Maiores fornecedores de produtos agrícolas dos EUA
Os dois países vizinhos estão entre os maiores fornecedores de produtos agrícolas dos EUA, exportando uma parcela significativa de alimentos-chave da mesa dos americanos. Juntos, eles somam quase US$ 83 bilhões dos US$ 196 bilhões em bens agrícolas importados pelos EUA entre janeiro e novembro do ano passado, segundo dados do Departamento de Agricultura do país obtidos pela CNN.
O México, por exemplo, entrega a maior parte das frutas e vegetais consumidos pelos americanos, num mercado que movimentou cerca de US$ 11,4 bilhões em novembro do ano passado. Já o Canadá lidera nas exportações de grãos, gado, carnes, aves e produtos tropicais, como o açúcar. Só em grãos, foram US$ 8,6 bilhões em importações naquele mês, enquanto o mercado de proteína animal entre os dois países somou US$ 7 bilhões.
As sobretaxas devem pressionar o orçamento das famílias, que já enfrentam um custo elevado dos alimentos. Esses produtos devem ser os primeiros a ter aumento de preços repassados aos consumidores, já que os supermercados operam com margens de lucro menores que outro setores. Os carrinhos de compras, portanto, devem ficar mais caros.
O que fica mais caro
Tomates-cereja devem subir de preço, porque o Canadá é o principal fornecedor, produzindo as safras em enormes estufas próximas à fronteira. Os EUA até poderiam aumentar a produção interna dos tomates, mas economistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal” alertam que os produtores locais podem elevar preços para acompanhar o aumento das importações.
Os abacates do guacamole e das “avocado toasts” também podem encarecer. Mais de 80% dos avocados consumidos nos EUA vêm do México. O país fornece metade das importações americanas de frutas e vegetais frescos, e é um fornecedor essencial no inverno.
O maple syrup, xarope de bordo servido nas panquecas do café da manhã, também serão afetados. Apenas Canadá e México fabricam o produto em escala comercial. Segundo o Departamento de Agricultura do Canadá, mais de 60% da produção do país é exportada para os EUA.
A tequila mexicana também é vendida principalmente para os vizinhos americanos, e pode ficar mais cara. A bebida tem sido cada vez mais consumida em versões premium, para degustação, e até misturada com refrigerante.
Celebridades como o ator George Clooney e Kendall Jenner entraram no setor com marcas próprias, fabricadas no México.

EUA: maior dependência internacional com mudanças climáticas
Na balança comercial, os EUA exportam mais produtos agrícolas do que importam, mas as compras de outros países têm crescido num ritmo acelerado. É que as mudanças climáticas têm aumentado a dependência do mercado americano de países como o México, onde as condições são mais favoráveis.
Não são só os alimentos que entram nessa conta. México e Canadá estão entre os maiores parceiros comerciais dos EUA em geral. Segundo o Departamento de Comércio, as importações incluem veículos e peças automotivas, petróleo e eletrônicos. Até novembro do ano passado, foram cerca de US$ 467 bilhões e US$ 337 bilhões em operações comerciais, respectivamente.
Há, ainda, a China, que deve sentir o impacto nos produtos manufaturados. No primeiro governo Trump, os EUA impuseram tarifas sobre vários produtos industriais chineses. A taxação aconteceu novamente no governo Biden, em resposta ao que chamavam de práticas desleais dos chineses.
Com informações do Valor Econômico.
Leia a seguir