Taxa de desemprego no Brasil sobe para 6,5% em janeiro
IBGE diz que aumento reflete dispensa de temporários no começo do ano
A taxa de desemprego no Brasil subiu para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro. O resultado ficou acima do observado no trimestre anterior, encerrado em outubro (6,2%) e abaixo do resultado de igual período de 2024 (7,6%). No quarto trimestre – encerrado em dezembro, mês imediatamente anterior – a taxa foi de 6,2%.
A taxa se iguala à registrada no trimestre encerra em janeiro de 2014, que foi a menor da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas de 26 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que apontava para uma taxa de 6,6% no trimestre encerrado em janeiro. O intervalo das projeções ia de 6,2% a 6,7%.
Tradicionalmente, o início do ano é uma época de dispensa de trabalhadores temporários contratados no fim do ano anterior, por causa de Natal, o que pressiona o mercado.
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Número de desempregados no Brasil
No trimestre encerrado em janeiro, o país tinha 7,2 milhões de desempregados – pessoas de 14 anos ou mais que buscaram emprego, mas não conseguiram encontrar. O número aponta aumento de 5,3% frente ao trimestre anterior, encerrado em outubro (mais 364 mil pessoas) e queda de 13,1% frente a igual período de 2024 (menos 1,1 milhão de pessoas).
A população ocupada (empregados, empregadores, funcionários públicos) no trimestre encerrado em janeiro, por sua vez, era de 103 milhões de pessoas. Isso representa um recuo de 0,6% em relação ao trimestre anterior, encerrado em outubro (menos 641 mil pessoas ocupadas). Frente a igual trimestre de 2024, subiu 2,4% (2,4 milhões de pessoas).
Aumento do desemprego no começo de 2025
O aumento do desemprego no trimestre encerrado em janeiro reflete dispensa de trabalhadores temporários do fim do ano e pode ser retomada do padrão sazonal observado antes da pandemia. A redução do contingente na administração pública – com troca de contratos no início do ano – também exerce influência no resultado.
A análise foi feita pelo analista da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) William Kratochwill.
“É notório que no primeiro trimestre do ano há sempre identificação de aumento da desocupação devido à dispensa dos temporários. A introdução de janeiro no trimestre móvel já mostrou um pouco isso”, afirma Kratochwill.
Na sua avaliação, o movimento observado pode sinalizar a retomada do padrão sazonal de antes da pandemia, quando esse aumento do desemprego ocorria nesta época do ano.
Em 2022, houve queda do desemprego nesta base de comparação – trimestre encerrado em janeiro, ante outubro -, enquanto nos anos de 2023 e 2024 a taxa ficou estável.
“Pode ser também um retorno ao ciclo que havia antes do processo pandêmico. Desde 2021, a taxa de desocupação tem sido decrescente de forma contínua porque o choque foi muito grande no mercado de trabalho”, diz ele.
“A economia é como uma locomotiva. As coisas acontecem hoje e vão surtindo efeito ao longo do tempo”.
A queda de 2,5% das vagas na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, também pode ter contribuído para esse movimento observado.
“Também há um componente de diminuição dos contratos no setor público, que também pode ocorrer neste período. Principalmente porque houve eleições municipais e há uma troca de equipes”, afirma.
Média dos salários no Brasil
A renda média dos trabalhadores avançou 1,4% no trimestre encerrado em janeiro, ante o trimestre anterior, para R$ 3.343. A diferença é de R$ 45 a mais. O rendimento médio real habitual dos trabalhadores considera a soma de todos os trabalhos.
Na comparação com igual trimestre de 2024, houve alta de 3,7% (R$ 118 a mais).
Já a massa de rendimentos real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) foi de R$ 339,51 bilhões no trimestre encerrado em janeiro.
O número aponta alta de 0,7% frente ao trimestre anterior, encerrado em outubro, ou R$ 2,525 bilhões a mais. A variação é classificada como estabilidade pelo IBGE, por estar dentro da margem de erro da pesquisa.
Frente a igual período de 2024, há aumento de 6,2% (mais R$ 19,88 bilhões).
Com informações do Valor Econômico