Taxas dos DIs sobem pela sexta sessão seguida com incerteza fiscal e dinâmica da inflação
Segundo analistas, a cautela domina o mercado de renda fixa e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) corrigem parte da queda vista no fim de 2023
Os juros futuros subiram pela sexta sessão seguida, na contramão da queda nas taxas americanas nesta segunda-feira (8). Segundo analistas, a cautela domina o mercado de renda fixa e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) corrigem parte da queda vista no fim de 2023. Preocupações com a meta fiscal de 2024 e com a dinâmica da inflação também pesaram, em um dia de noticiário esvaziado.
A combinação desses fatores fez com que os juros domésticos subissem em toda a curva a termo. A taxa do contrato para janeiro de 2025, mais negociado da sessão, avançou de 10,054% no ajuste anterior para 10,095%. Outros contratos também subiram na comparação com os ajustes: janeiro de 2026 (9,664% para 9,720%), janeiro de 2027 (9,791% para 9,855%) e janeiro de 2029 (10,205% para 10,265%).
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Curva de juros doméstica descolada da curva americana
Ao contrário das últimas sessões, o desempenho da curva doméstica ficou descolado da curva americana, onde as taxas caíram em bloco. O rendimento da T-Note chegou a ceder abaixo da marca psicológica de 4%, refletindo a forte queda dos preços do petróleo, entre 4,12% (WTI) e 3,35% (Brent), após a Arábia Saudita ter reduzido os preços da commodity para clientes de alguns países.
O gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, atribui o aumento dos juros futuros a uma correção da forte queda vista nos últimos dois meses de 2023. Segundo o profissional, o forte apetite por risco visto no fim do ano passado deu lugar a um ambiente de maior cautela, natural em inícios de ano, enquanto a liquidez continua fraca.
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“Temos um processo de correção, com maior cautela, em relação àquele mercado mais bullish, mais afeito à tomada de risco, que vimos no fim do ano passado”, afirma Alírio. “Essa maior cautela faz o nosso mercado ficar dessintonizado com o que está acontecendo lá fora.”
Inflação e meta fiscal
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, cita dois outros fatores como explicação para o aumento dos juros aqui. Em primeiro lugar, a percepção no mercado de que a inflação pode ser mais alta no curto prazo, devido aos efeitos do El Niño. Em segundo, as incertezas em torno da meta fiscal de 2024, que prevê a zeragem do déficit primário.
“Acho que esse aumento está mais ligado à percepção de mais inflação no curto prazo e de uma possível mudança na meta de resultado primário, que volta a entrar em discussão”, diz Lima.
Hoje, oito frentes parlamentares ligadas a setores produtivos enviaram um ofício a líderes partidários e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pedindo a devolução da MP que promove a reoneração gradual da folha. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse estar “confiante” de que Pacheco não devolverá a MP à Presidência da República.
Com informações do Estadão Conteúdo