Transações pelo Pix têm queda mais acentuada entre dezembro e janeiro

A queda na quantidade de operações do Pix entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025 foi a mais acentuada para o período desde a implementação do meio de pagamento em novembro de 2020. O levantamento considera o período dos dias 1 a 14 de cada mês e mostra que o recuo foi de 15,3%.

Entre os dias 1 e 14 de dezembro de 2024 foram 2,70 bilhões de operações, enquanto neste mês foram 2,29 bilhões. Procurado, o Banco Central (BC) informou que o “movimento do Pix está dentro da variação sazonal de início de ano”.

Nas últimas semanas vem circulando notícias falsas de que o governo passaria a cobrar um tributo pelo uso do Pix, o que foi negado pela Receita Federal e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, informou nesta quarta-feira que a norma que alterou regras de monitoramento de movimentações financeiras, que foi utilizada para espalhar desinformação, será revogada.

Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo vai editar uma Medida Provisória (MP) que reforça os princípios da gratuidade do Pix e do sigilo bancário. “A Medida Provisória reforça esses dois princípios e praticamente equipara o pagamento em Pix ao pagamento em dinheiro”. O ministro disse que a medida provavelmente sai ainda nesta quarta-feira.

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    Os meses de dezembro de todos os anos têm uma quantidade de operações superior aos dos outros meses por conta do pagamento do 13º salário e das festas de fim de ano. Já no início do ano, em janeiro e fevereiro, os dados mostram que a quantidade de operações costuma ser menor.

    As estatísticas do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), que considera as transações Pix feitas entre instituições diferentes, mostram que a diminuição no número de operações entre dezembro e janeiro foi se acentuando nos últimos dois anos.

    Depois de cair 12,9% entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 (576,4 milhões para 502 milhões), a quantidade de transações entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, caiu 9,9% (1,12 bilhão para 1 bilhão). Já de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, a queda foi de 11% (1,97 bilhão para 1,75 bilhão). Os números também consideram os dias 1 a 14 de cada mês.

    A professora da FGV, Carla Beni, apontou que a quantidade de operações no Pix aumenta em dezembro porque há mais dinheiro circulando e diminui em janeiro, citando o efeito de um volume grande de impostos e pagamentos que são feitos em sua maioria via boleto. “O período agora das fakes news é um período muito restrito, então eu não sei se dá para fazer essa correlação imediata [entre a queda das operações por Pix e as notícias falsas]. Me parece um pouco precipitado”.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que a utilização do Pix não foi afetada. “Quando você pega a sazonalidade, em janeiro cai as transações em Pix na comparação com dezembro, é sazonal. Quando você considera a sazonalidade, não tem havido problemas desse tipo”, disse o ministro.

    Haddad afirmou que os dados divulgados pelo BC mostram a sazonalidade da queda do Pix em janeiro em comparação com dezembro. “Quando foram verificar se essa queda era proporcional aos anos anteriores, se verificou que sim. Eu até poderia até dizer que o prejuízo foi maior, mas na verdade a queda foi sazonal, mas isso não significa que não deu dor de cabeça para as pessoas. A dor de cabeça para as pessoas foi instalada no país”, afirmou.

    Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, afirmou que o único fato relevante que pode ter impactado essa queda no Pix é a desinformação que está circulando. “Isso de fato afugentou, digamos assim, parte da população que foi influenciada erroneamente por esses comentários”.

    A quantidade de operações feitas pelo Pix sobe todos os anos, assim como o número de usuários cadastrados, tanto pessoas físicas como pessoa jurídicas.

    A desinformação que está circulando tem como ponto a Instrução Normativa 2.219/24 publicada pela Receita Federal em setembro do ano passado e que deve ser revogada. A normativa estabelece que administradoras de cartão de crédito e instituições de pagamento devem passar a enviar informações para a Receita sobre movimentações mensais acima de determinado valor. Instituições financeiras tradicionais, como grandes bancos, já eram obrigadas a enviar essas informações anteriormente.

    A norma que será revogada também alterava os valores mínimos das movimentações mensais globais para que entrassem na obrigatoriedade do envio. Até 2024, esses valores eram de R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 6 mil para pessoas jurídicas. A partir deste ano ficaram em R$ 5 mil e R$ 15 mil, respectivamente.

    Além disso, em um esforço para informar sobre o tema, a Receita explicou que a atualização normativa não afeta o sigilo bancário e que o órgão não recebe informações detalhadas das transferências, como origem e destino dos pagamentos. Barreirinhas, da Receita Federal, disse que “pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam um ato normativo da Receita Federal”.

    Haddad afirmou, nesta quarta-feira, que está se discutindo providências contra quem está propagando notícias falsas e aplicando golpes. “A Advocacia Geral da União (AGU) foi envolvida para tomar providencias judiciais contra os golpistas. Quem está divulgando fake news está patrocinando organizações criminosas no país que estão atuando, mandando boleto para a casa das pessoas, cobrando a mais indevidamente dizendo que está sendo taxado quando não está”, afirmou o ministro.

    *Com informações do Valor Econômico

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