Vacina brasileira para câncer de próstata é aprovada pela FDA para ensaios clínicos

Ainda experimental, o tratamento é visto como promissor, mas requer mais estudos para confirmar sua eficácia e segurança.

Foto de atendimento médico Foto: Hush Naido Jade/Unsplash
Foto de atendimento médico Foto: Hush Naido Jade/Unsplash

Uma vacina terapêutica contra o câncer de próstata desenvolvida por pesquisadores brasileiros foi aprovada para estudos clínicos pela FDA (Food and Drug Administration. Trata-se da agência reguladora dos Estados Unidos). Assim, é a primeira vez que uma tecnologia do tipo chega a esse estágio.

A vacina é criada a partir das células tumorais do próprio paciente. Ela busca fortalecer o sistema imunológico contra o câncer e reduzir a reincidência. Somando-se assim aos tratamentos convencionais.

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Dessa maneira, conforme dados preliminares a imunoterapia personalizada reduz a recorrência da doença de 37% para 12%.

Já a mortalidade entre pacientes tratados caiu de 12,8% para 4,3%.

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Tratamento começou recentemente

Assim, nos Estados Unidos o estudo clínico iniciou o tratamento do primeiro paciente americano na última terça-feira (29).

O teste faz parte de um estudo adaptativo de fase 2, que envolve 21 centros de pesquisa no país e tem duração prevista de até 22 meses.

Dessa forma, é estimada que a aplicação inicial dos dados imunológicos esteja disponível dentro de 90 dias. Será avaliada a resposta dos pacientes ao tratamento.

O médico e cientista Fernando Thomé Kreutz lidera a pesquisa.

Ele diz que resultados anteriores em pacientes brasileiros já haviam demonstrado impacto significativo na redução de recorrências e mortalidade.

Resultados da vacina contra câncer precisam ser validados

Os resultados precisam ser validados nos 230 pacientes americanos para que depois a imunoterapia esteja disponível nos Estados Unidos.

No Brasil a equipe tentará garantir a aprovação junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Dessa forma, para Kreutz além dos benefícios médicos a imunoterapia deve representar uma economia significativa para sistemas de saúde ao evitar a recorrência da doença.

“No Brasil, o tratamento convencional custa ao SUS (Sistema Único de Saúde) cerca de R$ 2,4 milhões por paciente, o que dificulta o acesso a terapias inovadoras. Nossa abordagem poderá eliminar a necessidade de tratamentos subsequentes e caros”, afirma.

A imunoterapia

A tecnologia utiliza células do tumor do próprio paciente para criar TPCs (Células Apresentadoras de Tumor). Elas desencadeiam resposta imune específica contra o câncer. Ela foi batizada de FK-PC101,

“Os resultados mostram que a vacina reduz mais da metade de chances do paciente ter recorrência do câncer”, afirma Kreutz.

“O benefício de ter a vacina é superior a dois anos sem a recorrência da doença. Isso é um efeito fantástico em tratamentos oncológicos”, diz o médico.

A equipe brasileira que coordena o estudo já planeja expandir a aplicação da tecnologia para outros tipos de tumores.

Como os gastrointestinais e pulmonares. Ambos apresentam altas taxas de mortalidade. A coordenação desses novos estudos será liderada pelo médico Alberto Stein.

O Brasil pode aprovar o tratamento antes mesmo dos Estados Unidos, o que seria um marco para a saúde nacional. A informação é de Stein.

Câncer de próstata: um em cada oito homens têm a doença

Conforme o Inca (Instituto Nacional do Câncer), um em cada oito homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da vida.

O risco maior está entre homens negros. O câncer de próstata é a segunda principal causa de morte por câncer entre homens, atrás apenas do câncer de pulmão.

Dessa maneira, apesar de avanços nas taxas de mortalidade ao longo das últimas décadas, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento ainda são limitados em algumas regiões.

Segundo o urologista líder do Centro de Referência de Tumores Urológicos do Hospital AC Camargo, Stênio de Cássio Zequi, no entanto, a imunoterapia ainda é limitada a uma pequena parcela dos pacientes com câncer de próstata.

Menos de 5%.

Por isso, ainda é mais importante o acesso aos tratamentos básicos em todo país.

“Se conseguirmos ampliar o acesso, o impacto será muito mais significativo do que empregar imunoterapia, algo que está longe, caro e não aprovado”, ressalta.

Então, a imunoterapia é um tratamento que estimula o sistema imunológico a combater o câncer e pode ser feita de forma ativa ou passiva.

Assim, na forma ativa vacinas e substâncias fortalecem as defesas naturais do organismo. Na passiva, anticorpos ou células de defesa externas ajudam o corpo a atacar as células tumorais.

Ainda experimental, o tratamento é visto como promissor, mas requer mais estudos para confirmar sua eficácia e segurança.

Dados do Inca

Dessa maneira, dados do Inca estimam 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano no país entre 2023 e 2025. Trata-se de um aumento de 8% em relação ao triênio anterior.

Então, a doença é responsável por aproximadamente 10% dos tumores malignos diagnosticados no país. A incidência varia conforme a região. É mais alta no Sudeste com 77,89 casos a cada 100 mil homens.

E mais baixa no Norte, com 28,4 casos a cada 100 mil.

Assim, em todo o mundo são registrados mais de 1,4 milhão de novos diagnósticos anuais de câncer de próstata.

Isso segundo levantamento Globocan da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer. A agência é mantida pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Hoje o Brasil é o quarto país que concentra mais casos. Está atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. A doença é responsável por 375 mil mortes anuais no mundo.

Com informações do Valor Econômico

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