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Valorizado por Lula na TV, Alckmin ganha força na área econômica da campanha
Mencionado cinco vezes pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na bem-sucedida sabatina do “Jornal Nacional”, Geraldo Alckmin entrou definitivamente no radar do petista para ocupar uma posição na área econômica de um futuro governo. O ex-tucano, antes visto como nome para a Agricultura, passou a ser levado a sério pelo núcleo mais íntimo do ex-presidente como potencial candidato à pasta da Fazenda, em caso de triunfo nas urnas.
O ex-governador de São Paulo, recém-instalado no PSB após ter fundado o PSDB, entraria no figurino desejado por Lula para o cargo — um político, com capacidade de articulação legislativa e “sensibilidade social”.
A relação estreita de Alckmin com economistas bem percebidos pelo sistema financeiro como Pérsio Arida e André Lara Rezende, ambos já envolvidos em tratativas preliminares de formulação na campanha do PT, tem sido mencionada como um fator adicional em favor da possível indicação para a função.
Essa dupla poderia colaborar com mais facilidade com um eventual terceiro governo de Lula caso houvesse um ex-tucano à frente da Economia, segundo fontes da campanha petista.
Ainda que existam resistências internas no PT e em partidos aliados a se entregar a função mais cobiçada da administração federal a um ex-adversário político sem trânsito nas mais diversas alas do partido, o “empoderamento” de Alckmin no QG lulista é visto como antídoto para a desconfiança usual do mercado e de parcela do empresariado com a política econômica do petista, caso vença o pleito.
“Lula tem repetido que seu mantra para a economia é estabilidade, credibilidade e previsibilidade. Esse tripé traduz exatamente o que é Geraldo Alckmin para a campanha e para um futuro governo”, afirma um operador político lulista.
Uma das pistas sobre a desenvoltura de Alckmin no núcleo econômico da campanha está na escalação do ex-tucano para falar de temas como responsabilidade fiscal e reforma tributária em uma nova rodada de entrevistas avalizada por Lula.
O ex-governador ampliará suas intervenções com entidades e empresas para tentar reduzir a resistência do agronegócio ao PT.
Alckmin já participa de conversas com o segmento e tem procurado inserir na agenda da campanha a conciliação da defesa do meio ambiente e o avanço da produção rural. Também atua no “front” das tratativas de mudanças na lei trabalhista. E tem afirmado nesses fóruns que não voltará o imposto sindical. E que o possível novo governo será baseado no diálogo de trabalhadores, sindicatos e empresários, com foco na geração de empregos.
Sobre o financiamento do auxílio Brasil de R$ 600, já prometido para 2023 por Lula, Alckmin tem declarado que “será necessário cortar para atender as urgências”, mas a possível nova gestão tratará, na sua visão, da “compatibilização das demandas sociais com o equilíbrio das contas”.
Vacina
O avanço das conversas em torno de Alckmin coincide com o aumento da exposição pública do ex-ministro Aloizio Mercadante em agendas da seara econômica da campanha, como a reunião da Fiesp e a entrevista concedida para a imprensa internacional.
Mercadante, encarregado de coordenar a formulação programática da campanha e presidente da Fundação Perseu Abramo, tem forte rejeição no mercado e em setores expressivos do PT. Ele coordena um núcleo de economistas da Unicamp, cujo viés desenvolvimentista preocupa os mais ortodoxos que gravitam em torno de Lula.
No núcleo da campanha do PT há ainda a citação do ex-ministro Fernando Haddad como uma opção para comandar a equipe econômica, caso seja derrotado na disputa ao governo de São Paulo.
Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo.
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