Variação do aluguel tem menor taxa em três meses, favorecida por troca de indexador, diz FGV
Donos podem ser estimulados a reajustar preços observando melhora na renda do brasileiro
A variação no preço de locação imobiliária, na leitura da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou em setembro a menor taxa em três meses – mas pode voltar a subir, a depender do ritmo de renda do brasileiro. A análise partiu do economista da fundação Paulo Pichetti ao comentar a queda de 0,02% no Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), da FGV, referente ao mês passado, após alta de 1,76% em agosto.
Ao justificar o recuo, o pesquisador informou que o indicador está sendo influenciado por troca de indexador, do IGP-M para o IPCA, no cálculo de reajustes de preço de aluguel nos contratos. Esse movimento de troca, que ocorre há algum tempo, tem levado a uma variação menor no preço do aluguel, já que o IGP-M varia menos do que o IPCA, no momento.
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Sobre continuidade de recuo no índice, notou que os locatários percebem melhora na renda do brasileiro, fruto de quadro favorável no emprego. Os donos de imóveis estão atentos a isso – e podem ser estimulados a reajustar, para cima, o preço do aluguel nos próximos meses.
Ao comentar sobre a evolução do indicador, ele notou que, das quatro capitais usadas para cálculo do índice, duas tiveram queda, na variação do Ivar; e duas mostraram desaceleração. É o caso do observado, respectivamente, em São Paulo, cuja variação no preço do aluguel passou de 1,04% em agosto para -0,18% em setembro; Porto Alegre, que passou de 2,63% para -0,37%; Rio de Janeiro, que passou de 1,15% para 0,77%; e Belo Horizonte, que passou de 3,10% para 0,26%.
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“Quero chamar atenção que, na margem, caiu o Ivar em São Paulo e em Porto Alegre, mas que mesmo sem queda, desacelerou forte [o Ivar] em Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, frisou o técnico.
Pichetti lembrou que o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e agora com maior preferência para ser usado como indexador de contratos, caiu -0,36% em agosto. Em julho, esse indicador inflacionário caiu -0,68%. Isso fez com que a taxa acumulada do índice em 12 meses, usada para reajustar aluguel, diminuísse de 10,07% para 8,73%, até agosto.
“Esses dois meses de deflação do IPCA de julho de agosto afetam os contratos de aniversário [de aluguel] e também contratos novos”, afirmou, ao explicar que, com menor variação no indexador, mais baixa a variação de preço do aluguel.
O especialista comentou que, se o preço da locação dependesse apenas dessa dinâmica, de maior abrangência do IPCA como indexador em contratos de aluguel, poderia ser dito que o Ivar continuaria a cair. Mas ponderou que o preço do serviço leva em conta outros fatores, como o cenário macroeconômico.
“Temos hoje uma retomada gradual da renda média real. É uma variável muito importante para o mercado de aluguel”, afirmou ele, ao notar que o dono de imóvel, nesses casos, vê margem para aumentar aluguel.
Na prática, o uso do IPCA atualmente em baixa, como indexador não é garantia que a variação do aluguel não volte a subir, notou ele. “Vamos ver o que vai imperar, se o acumulado 12 meses do IPCA menor ou efeito de poder aquisitivo maior [com alta na renda] a aquecer mercado de aluguel”, afirmou ele.