Veja as apostas de investimento do BofA para ganhar dinheiro no Brasil
Banco passou a projetar uma antecipação no ciclo de cortes da Selic
A perspectiva de um arcabouço fiscal que seja relativamente favorável ao mercado se soma à deterioração das condições de crédito, que começou a se formar desde o episódio da Americanas, e pode favorecer um contexto mais construtivo para os ativos brasileiros. É o que apontam os estrategistas Antonio Gabriel e Christian Gonzalez Rojas, do Bank of America, que mantêm na carteira posições aplicadas em juros, ou seja, que ganham com a queda das taxas, e posições compradas em real.
“Os riscos fiscais no Brasil têm estado no centro das atenções desde o segundo turno”, observam os profissionais, ao apontarem que as esperanças do mercado quanto a uma repetição do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “desapareceram em meio a um forte impulso de gastos”. Nesse sentido, eles apontam que os ativos brasileiros permanecem sujeitos a uma volatilidade maior e a um desempenho medíocre. “No entanto, continuamos com a visão de que um prêmio de risco muito alto já está precificado nos ativos brasileiros”, ressaltam.
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O BofA, assim, aponta que o progresso no quadro fiscal continuará a ser o principal motor para a dinâmica dos mercados domésticos. Nesse contexto, e diante da expectativa de que a Selic caia para 11% no fim do ano, o banco espera uma compressão no prêmio de risco nos mercados de juros, o que dá apoio a posições aplicadas em juros. Assim, os estrategistas do BofA dizem gostar da NTN-F com vencimento em janeiro de 2027. “Os riscos a esse ‘trade’ são um grande descarrilamento das discussões fiscais ou uma radicalização do governo Lula”, dizem.
Já em relação ao real, o BofA aponta que a redução do carrego pode gerar alguma volatilidade nos mercados de câmbio. “No entanto, e apesar da aparente deterioração das condições de crédito, vemos a potencial revelação de um arcabouço fiscal razoável como o principal ‘driver’ que permitiria ao BC antecipar o ciclo de flexibilização. Nesse contexto, gostamos de estar vendidos em euro contra o real para nos posicionarmos para prováveis desenvolvimentos positivos do quadro fiscal em meio à safra recorde”, dizem os estrategistas. Além disso, eles afirmam que o posicionamento técnico leve em real no momento favorece essa visão de potencial fôlego adicional da moeda brasileira.
Por que o BofA espera que a Selic comece a cair em maio?
O Banco Central irá antecipar o ciclo de flexibilização monetária e começará a reduzir a Selic em maio, com um corte de 0,25 ponto na taxa básica de juros. É o que projeta, agora, o Bank of America, que cortou sua projeção para a Selic no fim do ano de 11,75% para 11%. Em relatório enviado a clientes, o banco espera, ainda, que o juro básico caia até 9,5% no fim de 2024.
“Mesmo que a nova regra fiscal não tenha sido aprovada no Congresso, houve uma diminuição da incerteza em relação às contas públicas, o que deve mudar a avaliação da diretoria do BC sobre o balanço de riscos”, avalia o chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do BofA, David Beker.
Ele espera que, na decisão de amanhã, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC apresente riscos baixistas para as projeções de inflação devido à deterioração da atividade econômica, à desaceleração do mercado de trabalho e às preocupações com as condições de crédito domésticas e com o setor bancário externo.
“A inflação mais baixa e a desaceleração das medidas subjacentes devem ajudar o BC a iniciar os cortes, ainda que alguns aumentos de preços (como a volta dos impostos federais sobre gasolina e etanol) devam manter a inflação cheia acima da meta neste ano”, afirma Beker. O estrategista, porém, ressalta que as expectativas de inflação configuram “o maior obstáculo” para um ciclo de flexibilização precoce dos juros, ao ter em vista que as expectativas mais longas têm aumentado, ao serem impulsionadas por uma possível mudança no nível das metas de inflação.
O BofA, assim, espera que a meta de inflação de 2024 seja elevada de 3% para 4%. “Sob essa hipótese, a inflação no fim de 2024 deve atingir os níveis da meta, abrindo espaço para novos cortes neste ano. Embora as expectativas possam sofrer no curto prazo, o anúncio do novo arcabouço fiscal deve reduzir a incerteza e a percepção de risco”, escreve Beker.