Vendas no varejo decepcionam e podem forçar fim da alta da Selic, diz analista

Recuo em julho foi de 0,8% em relação ao mês anterior

Juros altos levaram Black Friday 2022 a ter promoções, cashbacks e prazos menos agressivos (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)
Juros altos levaram Black Friday 2022 a ter promoções, cashbacks e prazos menos agressivos (Foto: Ana Paula Paiva/Valor)

As vendas no comércio varejista estão em queda. No mês de julho, o volume de vendas caiu 0,8% com relação ao mês anterior, somando o terceiro mês consecutivo de redução. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (14).

Nos últimos 12 meses, o comércio varejista aponta 1,8% de queda nas vendas com relação a 2021, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE.

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Para André Perfeito, sócio da Necton, os resultados “decepcionaram”. “Os dados sugerem que a atividade está ainda frágil e não fosse o esforço fiscal em derrubar a gasolina o resultado poderia ter sido ainda pior”, avalia.

Com o resultado, a expectativa é de fim do ciclo de alta da Selic, por mais que pese no cenário externo uma reprecificação dos juros nos EUA”, diz Perfeito.

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“A atividade doméstica melhora na margem, mas sobre uma base baixa, logo não faz sentido (em tese) desacelerar ainda mais a atividade econômica com vistas a controlar os preços”, avalia.

A mediana das 28 projeções colhidas pelo Valor Data com instituições financeiras e consultorias apontava para a expectativa de avanço de 0,1% no mês passado na comparação com junho.

A PMC de julho também mostra que, na comparação com julho de 2021, o comércio varejista caiu 5,2%, como taxas negativas em sete das 10 atividades, com destaque para as categorias Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-28,7%), Tecidos, vestuário e calçados (-16,2%) e Móveis e eletrodomésticos (-14,6%).

Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caíram 0,1% com relação ao mesmo mês do ano passado.

Combustíveis em alta

Do total de dez atividades pesquisadas, nove apresentaram retração de vendas no mês de julho, apenas o segmento de combustíveis e lubrificantes registrou crescimento, 12,2% em relação ao junho por conta da redução do preço dos combustíveis.

Vestuário tem a maior queda

A queda da renda das famílias afetou principalmente o setor de moda e acessórios. O maior recuo mensal foi no segmento que Tecidos, vestuário e calçados, com queda de 17,1% no mês.

“Algumas das grandes cadeias comerciais apresentaram redução na receita, sobretudo na parte de calçados. Além disso, pode haver também escolhas do consumidor, considerando a redução da capacidade do consumo atual”, afirma o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

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